Médico que conduzia a embarcação disse que perdeu a companheira após uma onda os lançar contra pedras; laudo do IML confirma afogamento.
Prestou depoimento nesta terça-feira (8) o médico urologista Serafico Pereira Cabral Junior, namorado da advogada Maria Eduarda Medeiros, de 38 anos, que morreu após um veleiro afundar no mar de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco. Ele pilotava o barco no momento em que aconteceu o naufrágio. O corpo da mulher foi encontrado quatro dias depois.
O naufrágio aconteceu no dia 21 de junho. Estavam no barco Seráfico, Maria Eduarda e a cadela dela, que não foi encontrada. O médico nadou por cerca de duas horas com Maria Eduarda, mas acabou perdendo a companheira de vista após uma onda forte.
Serafico foi ouvido na Delegacia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, acompanhado de uma advogada. Ele chegou por volta das 13h, entrou por uma porta traseira do local e passou quase quatro horas sendo ouvido. O inquérito é conduzido pelo delegado Ney Luiz Rodrigues. O teor do depoimento não foi divulgado pela Polícia Civil, e o médico não falou com a imprensa ao sair do local.
Pelo menos 13 pessoas já foram ouvidas, entre testemunhas, socorristas, equipe médica e parentes de Serafico Júnior. Os depoimentos levam a crer que a morte de Maria Eduarda foi um acidente, o que foi corroborado por um laudo da Polícia Científica, que concluiu que a advogada morreu por afogamento, e que não havia qualquer sinal de violência ou de ação que pudesse ter causado a morte.
De acordo com o documento, o exame tanatoscópico foi feito com uma análise minuciosa do corpo e dos ferimentos nos membros. Também foram realizados exames complementares, como tomografia de corpo inteiro e exame toxicológico. Após o velório de Maria Eduarda, a Justiça havia negado permissão para cremar o corpo da advogada. Apesar do laudo da declaração de óbito emitida pelo Instituto de Medicina Legal (IML), atestar a causa da morte como “asfixia mecânica por afogamento”, a juíza que avaliou o pedido da família afirmou que o documento não substituía o laudo pericial tanatoscópico.
Anteriormente, o advogado Ademar Rigueira, que chefia a defesa de Serafico Junior, contou que o urologista se separou da namorada depois que uma onda forte os jogou contra um paredão de pedras. Ele também afirmou que o veleiro pertenceu à família do médico por mais de 30 anos, mas foi doado ao condomínio onde ele tem um flat na praia de Muro Alto.
Segundo Ademar Rigueira, o passeio começou na marina do residencial e seguiu pelo mar por dentro de uma área protegida por arrecifes até a foz do Rio Ipojuca, bem próximo ao Porto de Suape. Entretanto, o barco bateu numa pedra e virou. O advogado também disse que o médico não tinha habilitação para pilotar, mas o tipo de embarcação, um monocasco com vela bermudiana, não exige habilitação, pois não tem motor. Apesar da obrigatoriedade do uso do colete salva-vidas, não havia esse equipamento de segurança na embarcação que naufragou.