Negociações com governo americano: desafios e incertezas na imposição de tarifas

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O governo DE tem enfrentado obstáculos nas negociações com a gestão Donald Trump às vésperas da imposição de novas tarifas sobre produtos importados. O objetivo das autoridades brasileiras é reduzir o impacto das medidas que devem ser anunciadas pelo governo americano nesta quarta-feira (2).

Fontes do Itamaraty, da Secretaria de Comunicação (Secom) e da assessoria internacional do Planalto informaram que as decisões sobre tarifas estão sendo tomadas de forma altamente centralizada dentro da Casa Branca. Donald Trump e seu círculo restrito definem os rumos sem grande interferência de seus próprios auxiliares, como o representante comercial, Jamieson Greer, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick.

Há uma percepção no Itamaraty de que os diplomatas brasileiros estão praticamente “no escuro” em relação às decisões que serão anunciadas, devido à falta de espaço para um diálogo estruturado. Essa centralização excessiva torna as negociações ainda mais complexas, uma vez que os interlocutores americanos têm pouco ou nenhum poder de decisão, já que qualquer posição que eles venham a tomar pode ser revogada por Trump.

De acordo com um diplomata brasileiro, Trump está cercado por terraplanistas econômicos, sem deixar margem para ser convencido por técnicos ou ministros. A incerteza impera nas questões econômicas, e o presidente age de forma autoritária, assemelhando-se a um líder latino-americano da década de 60.

Internamente, Mauro Vieira, chanceler do Brasil, buscou contato com o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), mas não obteve sucesso. O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, esteve em Washington em busca de avanços, reunindo-se com representantes do Departamento de Comércio, do USTR, com empresários na Câmara de Comércio, com o sherpa americano do G20 e com parlamentares republicanos.

O governo brasileiro reforça um argumento-chave nas negociações, destacando que o Brasil não representa um problema para os Estados Unidos. O país possui o terceiro maior superávit comercial com os EUA em bens e serviços, mostrando uma relação equilibrada. No entanto, existem discordâncias, como a questão do protecionismo brasileiro no setor de etanol, que tem gerado atritos.

A Lei da Reciprocidade Econômica é vista como positiva nas negociações, conferindo ao Brasil um respaldo legal para lidar com a questão tarifária e fortalecendo sua posição. O governo visa ter medidas de reciprocidade como carta na manga, mas também compreende a importância de manter as portas abertas para negociações contínuas, sem prazo definido para encerrar o diálogo.

Os desafios e as incertezas das negociações entre o governo DE e os EUA refletem a complexidade das relações comerciais internacionais, sobretudo em meio a decisões unilaterais e centralizadas. A busca por um equilíbrio nas negociações e o fortalecimento da posição do Brasil são elementos essenciais para lidar com as imposições tarifárias e manter um diálogo construtivo com os parceiros comerciais.

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