Desde 1999, a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) de Goiás, já alcançou a recuperação das nascentes dos principais rios do estado. Rio Meia Ponte, Ribeirão Anicuns, Ribeirão João Leite, Rio Piancó, Rio Vermelho, Rio Claro, Rio Verdão, Rio Jataí, Rio Doce, Rio dos Bois, Rio Abóbora, Rio Araguaia e outros, fazem parte de áreas do Cerrado cuja monitoração é constantemente . Entretanto, o delegado titular da Dema, alerta que “não gostaria de estar certo, mas em 40 anos, o Araguaia pode secar”.
O Rio Araguaia nasce em Goiás e deságua no Pará. Ele é considerado um dos rios mais importantes do Brasil e contribui com as bacias hidrográficas Amazônica e do Sudeste. O programa de reflorestamento das áreas de preservação permanente “Programa Nascentes” é de iniciativa da Polícia Civil de Goiás – Deam e tem o foco na
recuperação de nascentes, lagos naturais/artificiais e matas ciliares degradadas do Cerrado.
Sobre a relevância das nascentes e matas ciliares, o delegado Luziano Severino de Carvalho, afirma:
“A natureza fala com a gente, ela revela caminhos e isso é sagrado. Ela revela os seus limites. E os recados contrários estão dados também: eles deixam o meio ambiente em segundo plano quando o poderio econômico fala mais alto”.
De acordo com o próprio “Programa Nascentes”, as nascentes e as matas ciliares são importantes em todas as camadas de proteção ambiental.
“Vão desde a retenção de água no sistema de armazenagem subterrânea, passando pelo controle de processos erosivos e de assoreamento de corpos hídricos, dificultam o envenenamento das águas por agrotóxicos, pelo abastecimento hídrico de populações animais, vegetais e humanas com seus sistemas de produção, até alcançarem o status de corredores ecológicos, os quais propiciam a fluidez dos fluxos genéticos entre os seres vivos, é o habitat e fonte de alimentos para a fauna aquática e avifauna, aumentando os inimigos naturais das pragas das lavouras agrícolas. Fornece abrigo aos agentes polinizadores e é de fundamental importância para o nível de quantidade e qualidade da água, e com isso contribuem para a manutenção da biodiversidade e a perpetuação das espécies”.
Luziano afirma que é importante que se tenha ações preventivas, que eduque e oriente, mas o reflexo que se vê é de boi nos lugares onde deveriam ter peixes. “No Araguaia temos muitas lagoas naturais e lagos naturais. Quando conversamos com o pessoal que está ali há 40 anos, eles dizem que essas lagoas, no passado, interligavam uma com a outra e, nesses canais, podia pescar. Hoje está tudo seco”, diz.
Em contrapartida, no suspiro de alívio, o trabalho da Deam, ao recuperar mais de 5 mil nascentes, mostra os avanços feitos na preservação.
Questionado sobre o impacto do turismo na região, ele afirma que, ao comparar com toda a destruição já vista em mais de vinte anos de Deam, é zero. Luziano chama a atenção também para lugares que precisam ser vistos de forma urgente, pois estão “morrendo”: Lago dos Tigres, com mais de 37km de extensão, situano no Vale do Araguaia; Rio Água Limpa, forma o Lago dos Tigres junto com o Rio Vermelho e Lago Jurumirim, no município de Jussara.
Sobre os resultados do programa, o delegado diz que são monitorados num prazo de quatro anos. “Nosso balanço foi feito em 2019, então, em 2023, com a proteção e monitoramento de uma nascente durante esse período, com todas as manutenções corretas, o processo de recuperação está consolidado”, afirma. Além disso, ele diz que o programa não usufruiu de dinheiro público, pois é realizado em parcerias com empresários e agropecuaristas, buscando, sobretudo, uma conscientização.