Última atualização 26/06/2023 | 10:17
As regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil concentram a maior quantidade de armas de fogo adquiridas nos últimos quatro anos, considerando a proporção por número de habitantes. Dados revelam que este aumento foi registrado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo dados obtidos pelo Metrópoles através da Lei de Acesso à Informação, a região Sul do País registrou o recadastramento de 1.061,8 armas. Já no Centro-Oeste, a taxa foi de 1.034,5. Ambos os números estão acima do índice registrado em outras regiões do país.
Os cinco estados com as maiores taxas de armas de fogo por 100 mil habitantes são: Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Goiás tem o percentual de 1.146,4.
Mercado ilegal
Para ter acesso a essas armas, grupos criminosos lideram diversos esquemas. Normalmente, as organizações recorrem a laranjas ou registram as armas em nome próprio no Exército. Por meio destes, o armamento é utilizado em atividades de milícias rurais ou em apoio a atividades ilegais, tais como garimpo.
“A gente não pode descartar que a conexão dos mercados de arma legal e ilegal se intensificou. Se antigamente o criminoso precisava de R$ 60 mil, R$ 70 mil para comprar um fuzil, ele passou a comprar esse fuzil por R$ 15 mil no mercado interno”, pontua o pesquisador Roberto Uchôa.
As facilidades na compra destas armas podem acarretar no aumento de casos de homicídio, muitas vezes cometidas por estas milícias. Segundo Bruno Langeani, o autor do livro ‘’Arma de Fogo no Brasil: gatilho de violência’’, diversos estados do Centro-Oeste presentaram alta no número de assassinatos.
“Só a taxa de armas, sozinha, não é o único fator, mas dificulta o controle de homicídios”, destaca.
Sem cadastro
Outro alerta é sobre o não foram cadastro no sistema de segurança brasileiro. São cerca de 6 mil armamentos que não cumpriram a ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que determinou o recadastramento no sistema da Polícia Federal (PF), com o intuito de frear a facilitação para a compra de equipamento bélico por civis, durante a gestão de Bolsonaro.
“Há 6 mil armas de calibre restrito que ninguém sabe onde estão. E são justamente esses os equipamentos sobre os quais o país tinha de ter um maior controle, por serem de calibre restrito. Isso é muito preocupante. Muitas dessas armas podem estar na Região Norte”, pondera Roberto Uchôa.