Nova identidade exclui campo ‘sexo’ e unifica ‘nome’ e ‘nome social’

Nova identidade não terá campo 'sexo' e distição entre 'nome' e 'nome social'

O Ministério da Gestão e Inovação anunciou nesta quarta-feira, 19, novas mudanças no novo modelo da carteira de identidade, que começou a ser implementada em 2022. Agora, o documento irá extinguir o campo ”sexo” e unificará o campo ”nome”, sem a distinção entre nome social e o nome de registro civil. 

 

Estas normas haviam sido definidas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e não existiam no modelo antigo de idade, emitido nas últimas décadas em todo o país. 

 

A volta desta ausência dos campos nos documentos atende a um pedido do Ministério dos Direitos Humanos e busca tornar o documento mais inclusivo, levando em consideração análises feitas pelo grupo de trabalho criado para discutir essas alterações. O modelo imposto por Bolsonaro recebeu críticas do Ministério Público Federal e de entidades LGBTQIA +.

 

As novas regras devem ser publicadas no ”Diário Oficial da União” no final de junho e, então, passarão a valer de modo imediato. Os estados têm até 23 de novembro para aderir à emissão do novo documento. 

Críticas a nova entidade 

 

O novo documento começou a ser emitido em 12 estados brasileiros em 2022. Para diferenciar do modo antigo, a nova identidade contará com o uso do CPF como identificação, invés de um número próprio. 

 

O modelo foi imposto durante o governo do Bolsonaro e conta com a inclusão de sexo e distinção do nome social. Este formato recebeu críticas do Ministério Público Federal, que através da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão alegou que os critérios sobre sexo e nome pode ser tratados como inconstitucional. 

 

Para o órgão, a utilização do nome de registro antes do nome social “configura flagrante violação do direito à auto identificação da pessoa trans” e abre “perigoso precedente para a exposição vexatória de um nome que não representa a pessoa que se deseja identificar”.

 

Já em relação ao campo ”sexo”, que defini a identidade de gênero biológico do indíviduo, a procuradoria considerou não haver necessidade administrativa ou burocrática que justifique a inclusão desta informação, levando em consideração as pessoas intersexo.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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