Novo modelo de concessão de rodovias pode reduzir tarifa de pedágio em até 22%

Os contratos de concessão de rodovias federais podem ter cláusulas adequadas em breve. A proposta do governo federal é diminuir as chances de devolução dos trechos repassados para iniciativa privada, como ocorreu com a Triunfo Concebra, que desistiu em agosto do ano passado de operar nas BR-153, 060 e 262 com parte da estrada passando por Goiás. Se for aplicada, a ideia pode reduzir a tarifa do pedágio  em até 22%. Negócios firmados em 2012 e 2014 teriam sido feitos apesar de diversos problemas contratuais.

Uma das inovações sugeridas pelo Ministério da Economia ao Ministério da Infraestrutura seria compartilhar o risco de demanda do operador privado com a União e garantir maior segurança jurídica. O atual sistema transfere os efeitos do superdimensionamento de veículos  exclusivamente às concessionárias. Além disso, o contrato passaria a prever revisões periódicas dos aspectos econômicos, financeiros e de tráfego. 

O cumprimento da contrapartida em obras também poderia começar a ser suspenso em caso de baixo fluxo de veículos nas rodovias comparado à estimativa apontada no edital de licitação dos trechos. O preço do pedágio no novo modelo seria reajustado apenas se o contrato estiver nos últimos dez anos de vigência. Caso o operador queira, o aumento da tarifa poderia ser substituído pela prorrogação do prazo de concessão.

Em 08 de outubro, nove praças de pedágio começarão a operar em Goiás. Os motoristas que trafegarem pelas BRs-153, 080 e 114, nas regiões de Talismã, Santa Teresa de Goiás, Uruaçu, São Luiz do Norte, Jaraguá, Barro Alto e Planalmira, pagarão tarifas entre R$ 10,60 e R$ 13,10 nos quilômetros sob responsabilidade da Ecovias do Araguaia. A informação é da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O trabalho da empresa nas rodovias teve início em outubro de 2021, após vencer licitação. O Diário do Estado antecipou em junho que a largada para a cobrança em outros pontos, como Porangatu, Estrela do Norte, Campinorte, Hidrolina, Jaraguá, Santa Rita do Novo Destino e Corumbá de Goiás também seria no mês que vem. Essas praças fazem parte do “pacote” previsto em contrato firmado entre ANTT e a concessionária. 

Desistência

A saída da Triunfo Concebra da administração da BR-153 tem data marcada, mas a chegada da substituta ainda é uma incógnita. O processo de relicitação da rodovia ainda está em fase de novos estudos, a primeira de uma série de etapas que pode levar dois anos e ser prorrogado pelo mesmo período.  Uma nova empresa deve assumir o trecho somente no final de 2023, se não houver imprevistos. Em novembro de 2023 termina o prazo acordado entre a concessionária e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para administrar o trecho. 

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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