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Número de vítimas que acusam odontóloga chegam a 21, segundo polícia

Última atualização 09/02/2024 | 11:11

A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), encerrou a investigação que resultou no indiciamento de uma odontóloga e outros três dentistas. Segundo a polícia, um total de 21 pessoas foram vítimas de lesões corporais gravíssimas, todas supostamente causadas pela atuação da odontóloga e de sua equipe.

A profissional principal teve a prisão preventiva mantida pelo Poder Judiciário, que negou o pedido de revogação da detenção. Os delitos incluem infrações contra a saúde pública e crimes contra o consumidor. Além da odontóloga, outros três dentistas foram indiciados por exercício ilegal da medicina e por envolvimento em práticas que atentam contra os direitos do consumidor.

A investigação da Polícia Civil se deu em resposta a denúncias e reclamações apresentadas pelas vítimas, que relataram sérios problemas de saúde e lesões decorrentes de procedimentos odontológicos.

A prisão preventiva da odontóloga foi mantida diante da gravidade das acusações e do risco de continuidade das práticas lesivas. A recusa do Poder Judiciário em revogar a detenção ressalta a seriedade das evidências apresentadas pela Polícia Civil durante a investigação.

Por meio de nota, a defesa da dentista alegou que dos 21 pacientes ouvidos no inquérito, só foram produzidos dois laudos de Auto de Corpo de Delito, que é a prova técnica para dar base às acusações impostas. O primeiro deles não concluiu pela existência de lesão e o segundo apontou que a blefaroplastia foi feita por outra profissional. Veja trecho:

No primeiro laudo, já se exclui totalmente o crime de lesão corporal. Já o segundo laudo deixa claro que a paciente teve 4 intervenções de outra profissional. Ou seja, a paciente fez uma blefaroplastia realizada por outra profissional e a nossa cliente apenas fez a correção de um procedimento realizado anteriormente. Reiteramos que o atendimento feito pela nossa cliente foi em caráter reparador dentro das competências do cirurgião Buco Maxilo Facial, havendo melhora relatada pela suposta vítima no quadro tratadoa.

Cursos

Presa suspeita de deformar o rosto de pacientes com procedimentos estéticos, a dentista Hellen Kacia Matias da Silva chegava a cobrar R$ 15 mil pelos cursos que ministrava ensinando técnicas que só podem ser aplicadas por médicos. É o que revelou a delegada do caso, Débora Melo.

A prisão preventiva da dentista aconteceu no último dia 30, por policiais civis da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon). Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Goiânia e em Santa Bárbara de Goiás, município localizado na região oeste de Goiás.

“Um curso para realização de cirurgias faciais com uma carga horária de 3 dias de duração e pagando cada aluno entre R$ 10 a 15 mil”, detalhou a investigadora. Apesar da alta quantia, no contrato do curso a profissional ainda dizia que ele não era reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).

De acordo com a polícia, quantidade de dentistas que fizeram cursos de cirurgias faciais com Hellen é bem grande. Especialmente porque são profissionais espalhados por vários estados do país. No entanto, o número exato não foi divulgado porque a Polícia Civil ainda está contabilizando os casos.

Em nota, o MEC respondeu que “é responsável por instituições e cursos de nível superior, não tendo competência sobre cursos livres” e que o “exercício da profissão é de competência do respectivo Conselho Federal”. Já o Conselho Federal de Odontologia (CFO) não se pronunciou sobre o caso.

Outros envolvidos

Além da profissional presa, outros três dentistas também são suspeitos de realizar os procedimentos expressamente vedados pelo Conselho Federal de Odontologia. Segundo a PCGO, os profissionais divulgavam os serviços de procedimento estéticos nas mídias sociais com valores abaixo do mercado, o que atraia um número considerável de pessoas.

Assim, a odontóloga vendia os procedimentos abertamente em suas mídias sociais, que chegavam a mais de 650 mil seguidores. Além disso, ela ministrava cursos para outros profissionais da saúde. Os cursos ensinavam a realização de cirurgias sob sua supervisão. Durante as diligências na clínica da suspeita, a polícia encontrou diversos instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos.

Dessa forma, os agentes apreenderam os materiais encontrados e descartados pela Vigilância Sanitária. Esta, por sua vez, também autuou a dentista por infrações administrativas como inadequação do alvará sanitário do estabelecimento. Portanto, tais condições a impediria de realizar qualquer procedimento invasivo nos pacientes.

Ainda nas diligências, os policiais apreenderam também o celular usado para comunicar com os pacientes. Com isso, descobriram que vários deles estavam com o rosto deformado pelas cirurgias realizadas pela dentista ou pelos seus “alunos”.

Para investigação, a PCGO conseguiu colher declarações de mais de dez vítimas da dentista, além de ex-funcionários do instituto onde ela realizava os procedimentos. Além de proceder com as cirurgias em local inadequado, pacientes e ex-funcionários declararam que a suspeita não aceitava críticas ao seu trabalho e tratava com descaso os pacientes.

 

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