‘Nunca vi um presidente voltar para a reta final’: analistas elogiam retorno de Lula a Belém, mas aguardam resultados

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Determinado a alcançar resultados concretos na COP 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve agenda extensa de reuniões com ministros, representantes de países, da sociedade civil e empresários em Belém na quarta-feira. Esse envolvimento ativo de um presidente do país sede nas negociações da COP não chega a ser inédito, pois Françoise Hollande teve postura assim na COP 21, na França, que culminou no Acordo de Paris. A participação de Lula, porém, foge muito do padrão da conferência e é um impulso político essencial para destravar os ‘road maps’, ou mapas de caminho, ambicionados, dizem especialistas.
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Além de Hollande, Boris Johnson chegou a atuar em algumas negociações na COP de Glasglow, em 2021, lembra Claudio, coordenador de política internacional do Observatório do Clima. Além desses, é difícil ter outros exemplos.
— Não é um padrão. Tem muito a ver com o fato de ser uma agenda importante para ele, é o maior evento internacional do seu atual mandato. E ele só não estará aqui no encerramento porque precisa ir para o G20 na África do Sul — explicou Ângelo.
O especialista diz que a presença de Lula nessa quarta foi um impulso político essencial para as negociações e que se houver algum mapa de caminho anunciado se deverá ‘exclusivamente’ à participação do presidente.
— Ele deu o primeiro impulso na Cúpula de Líderes e agora veio aqui fazer uma recarga dessa bateria política da negociação. Não é que ajuda, é que vai fazer a diferença. Se a gente sair daqui com o mapa de caminho para o desmatamento, vai se dever exclusivamente à presença do Lula — afirmou Ângelo. — Essa segunda semana tem muitos diplomatas nas reuniões, que levam o assunto para os ministros, que então ligam para o presidente para decidir. Com o Lula aqui, ele está poupando telefonemas. É um envolvimento com potencial de destravar acordos.
Para Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWF-Brasil, que também só lembra de algum paralelo na COP de Paris, o movimento de Lula mostra a importância que o tema tem para o governo.
— Esse sinal que o Lula traz, vindo aqui, e fazendo essa movimentação, fazendo a negociação para si, então assumindo responsabilidade sobre o resultado que vai sair, é um engajamento político significativo. É muito relevante e tem que ser valorizado.
Já Caio Victor Vieira, especialista do Instituto Talanoa, think tank dedicado à política climática, diz que o movimento de Lula era esperado, considerando o que ele mesmo propõe. Mais do que sua presença, o importante, diz, é verificar se os mapas de caminho e outras metas serão de fato acordados ao final da COP 30.
— A gente tem que julgar se a presença dele vai mudar ou não alguma coisa com três resultados. O primeiro é um mapa do caminho para os combustíveis fósseis. O segundo é se os indicadores do objetivo global de adaptação forem tomados. E três, se houver alguma meta de triplicar o financiamento para a adaptação for adotado aqui. A presença dele ou não é menos importante do que a decisão final de para onde é que o mundo vai caminhar na ação climática.

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