Pela ironia de todas as guerras já descritas na humanidade, frente a toda revolução e inovação tecnológica, o mundo globalizado, com todo o arsenal bélico, agora se depara com uma guerra invisível e inesperada, com potencial de dizimar populações inteiras. Mais uma pandemia, causada por um agente imperceptível a olho nu, que com mecanismos de sobrevivência tão primitivos, ganha vantagem evolutiva ante a humanidade e a ciência atual, ainda incapaz da sua rápida destruição.
O que é diversidade viral, seu impacto para a infecção, disseminação e progressão clínica? A recombinação genética, mecanismo inato dos coronavírus permite modificações do seu RNA, com geração de vírus diversificados. As mutações surgem aleatoriamente a cada ciclo de replicação viral em células humanas e um único tipo de mutação pontual leva uma população de coronavírus diversa e de comportamento hostil, com falhas terapêuticas, dos diagnósticos e vacinas.
Atualmente circulam pelo mundo 4 tipos de coronavírus, descritos em espécies humanas, que poderiam levar a uma superinfecção. Dois vírus distintos infectando o mesmo hospedeiro, com a geração de um vírus “filho” misturado, de propagação mais rápida e de características rebeldes. Ainda sem adaptação ao novo hospedeiro humano, estimula um ataque exacerbado do próprio sistema imunológico aos órgãos vitais, que servem de reservatórios virais.
Alguns indivíduos apresentam uma infecção de resolução rápida, com aspecto clínico de uma gripe clássica, entretanto, características genéticas, doenças pré-existentes, como câncer, diabetes, hipertensos, doenças autoimunes, idosos, indivíduos imunodeficientes, co-infecções como dengue, Zika, febre amarela, tuberculose, HIV/aids, levam a um pior prognóstico da infecção pelo coronavírus, por processos ainda incertos.
Frente aos fármacos testados devemos ressaltar a preocupação com os efeitos adversos no coração e no fígado, somados aos estudos recentes demonstrando os sérios danos cardíacos e hepáticos nas infecções mais graves da Covid-19.
Diante do rápido padrão de aniquilação e diversidade viral, o isolamento social e contenção de aglomerados humanos, é a medida mais plausível adotada pelo mundo. Há pessoas ainda não rastreadas infectadas, disseminando o coronavírus. Tenta-se estabelecer um padrão de idade e grupos de riscos, todavia, óbitos totalmente fora das médias e sem padrões de riscos não podem ser desconsiderados.
Para os estados há a necessidade do rastreamento do coronavírus, implementado por um forte programa de saúde pública, setorizado e por uma equipe multiprofissional com uma alta expertise em diferentes áreas básicas. Por ironia do atual contexto político, as melhores alternativas de vacinas e tratamentos andam à luz da ignorada ciência brasileira e dos seus insistentes e remanescentes pesquisadores.
Prof. Dr. Alexsander Augusto da Silveira
(Farmacêutico e Diretor Acadêmico da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO)