Ela é tida como uma figura carismática e ao mesmo tempo durona para os brasileiros. A rainha Elizabeth II comandou o Reino Unido por 70 anos com um aparente calma e discrição incomum para muitos governantes. Ao longo dos anos, os hábitos e opiniões dela eram cada vez mais motivo de curiosidade. A devoção às obrigações do trono assumido aos 25 anos fizeram com que o distanciamento da vida pública fosse marcante. Ela nunca deu uma entrevista à imprensa.
As especulações que a acompanharam em vida a cercaram na morte. Qual a causa do falecimento? A resposta ainda não é clara e talvez nunca seja revelada. Apesar de dúvidas sobre a Elizabeth mulher, mãe e esposa, alguns especialistas em monarquia britânica garantem saber detalhes repassados por informantes de espaços que ela frequentava, como a residência oficial, o Palácio de Buckingham. Uma delas seria tomar uma dose de gin antes do almoço para abrir o apetite.
O paladar dela também já foi assunto de várias rodas de conversa. Uma carta redigida em agradecimento à chocolatier brasileira Samantha Aquim, dona da marca ‘Chocolate Q’, revelou que Elizabeth II gostava de chocolate amargo. A chef presenteou a governante com uma caixa com a iguaria e recebeu depois um texto informando que teria sido o melhor do gênero que havia comido.
Para relaxar, um dos prazeres seria dirigir, uma de suas poucas paixões conhecidas. Ela aprendeu durante a 2ª Guerra Mundial, quando serviu como mecânica, e gostava de dirigir seus Land Rovers e era a única da Grã-Bretanha a poder dirigir sem carteira e sem placa no veículo. Durante o reinado, conheceu diversas nações sem a necessidade de apresentar passaporte. As viagens de internacionais foram uma constante em sua vida, mas inexistentes nos últimos anos. Ao todo, 265 viagens a 119 países, sendo a maioria para o Canadá (27 vezes) e Austrália (18 vezes), o que a tornou a monarca britânica que mais viajou.
O pulso firme na condução do país e da família não eram apenas um aspecto da sua personalidade, mas obrigação legal. Elizabeth II tinha a custódia de todos os descendentes antes que completassem a maioridade e ainda tinha o direito de decidir como as crianças seriam educadas, além de ter a autorização exclusiva para viagens fora do País. A decisão de três dos quatro filhos pelo divórcio não teve aval dela, que se mostrava a favor do matrimônio como reflexo da fé cristã.
Ela teria comentado que “o divórcio e a separação são responsáveis por alguns dos males mais sombrios da nossa sociedade hoje”. Um biógrafo analisou a situação como “um ponto baixo em sua vida”. A interpretação seria baseada no fato de que a situação a obrigou a admitir publicamente tempos difíceis e teria sido encarado como ingratidão às décadas de dedicação à coroa.
Foi da monarca a decisão de permitir que sua coroação, nos anos 1950, fosse transmitida pela TV, assim como o Natal, o pronunciamento após a morte da Princesa Diana após um acidente e a gravação de um documentário completo no final dos anos 1960. Ela teria se justificado dizendo que tinha que ser vista para que as pessoas acreditassem nessas informações. Era uma forma de manter a tradição exalando confiança em meio a tantas mudanças socioeconômicas e políticas em todo o mundo.