O que é o Hamas e por que atacou Israel?

O Hamas surgiu em 1987  e é considerado a maior organização islâmica nos territórios palestinos. O grupo inicialmente tinha o duplo propósito de implementar uma luta armada contra Israel. Hoje eles defendem a criação de um estado muçulmano independente, por meio da luta armada, em toda área da Palestina histórica, o que engloba boa parte do território atual de Israel.

O conflito entre Israel e Palestina se estende entre décadas. Em 1947, quando as Nações Unidas (ONU) propuseram a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina sob mandato britânico e Israel foi proclamado no ano seguinte. Desde então, há uma disputa por território e o Hamas faz frente nessa disputa.

O que é o Hamas

O nome em árabe é um acrônimo para Movimento de Resistência Islâmica, que teve origem após o início da primeira intifada palestina contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

O Hamas é a maior organização islâmica nos territórios palestinos. Ele faz parte de uma aliança regional que inclui o Irã, a Síria e o grupo islâmico xiita Hezbollah no Líbano, que se opõem à política dos EUA no Médio Oriente e em Israel.

Mudança de foco

Em 2005, quando Israel retirou tropas e colonos de Gaza, o Hamas também se envolveu no processo político palestino. Venceu as eleições legislativas em 2006, pouco antes de reforçar seu poder no ano seguinte, derrubando o movimento rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Desde então, militantes em Gaza travaram três guerras com Israel, que junto com o Egito manteve um bloqueio na região para isolar o Hamas e pressioná-lo a interromper os ataques.

Em 2007, o Hamas expulsou de Gaza as forças leais ao rival Fatah, o que levou Israel a ampliar o bloqueio ao território. Foguetes palestinos e ataques aéreos israelenses continuaram a ser adotados.

Israel responsabiliza o Hamas por todos os ataques vindos de Gaza e realizou grandes campanhas militares na região, precedidas por escaladas de combates na fronteira.

Em dezembro de 2008, militares israelenses lançaram a Operação Chumbo Fundido para acabar com os ataques com foguetes pelo Hamas. Mais de 1.300 palestinos e 13 israelenses foram mortos durante o conflito de 22 dias.

Visto como antissemita e contra qualquer tipo de paz com Israel, o Hamas mudou um pouco a própria carta de princípios em 2017, em que passava a considerar os “sionistas” (o governo de Israel) como os inimigos, não mais os judeus. Ainda assim, o Hamas é uma das organizações que nega o Holocausto.

Em 2017 o grupo aceitou a criação do Estado palestino provisório em Gaza, nas Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, apesar de ainda não reconhecer Israel de fato.

O Hamas é considerado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Japão, Israel e Canadá. A Austrália e o Reino Unido consideram apenas o braço militar da organização, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam — como terroristas.

África do Sul, Rússia, Noruega e o Brasil não consideram o grupo como organização terrorista.

Poder de fogo do Hamas

Apesar de serem o lado mais fraco do conflito com Israel, Hamas e Jihad Islâmica têm armas suficientes para atacar Israel e já usaram diferentes táticas.

O armamento mais significativo no arsenal palestino e os seus mísseis superfície-superfície.

Acredita-se que parte deles entram em Gaza por túneis cavados a partir da península do Sinai, no Egito. A maior parte do arsenal de Hamas e Jihad Islâmica vem, contudo, da própria faixa de Gaza, que conta com uma capacidade produtiva relativamente complexa e sofisticada para esses armamentos.

Por que o Hamas atacou Israel?

Em um comunicado, o porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, explicou que a operação militar do grupo é uma resposta a todas os ataques do governo de Tel-Aviv contra os palestinos ao longo das décadas.

“Queremos que a comunidade internacional pare com as atrocidades em Gaza, contra o povo palestiniano, os nossos locais sagrados como Al-Aqsa. Todas essas coisas são a razão por trás do início desta batalha”, declarou.

“Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação da Terra”, disse Mohammed Deif, comandante militar do Hamas.

Ataque do Hamas

Israel foi alvo de bombardeios e invasões terrestres na manhã do último sábado ,7/10 . Autoridades do país classificaram o ataque-surpresa como um dos maiores dos últimos anos. O grupo Hamas reivindicou a autoria. Com a ação, o estado israelense declarou guerra contra o movimento.

Após ataques e bombardeios do grupo Hamas a Israel o Ministério da Saúde palestino em Gaza informou que ao menos 313 palestinos morreram e quase 2 mil ficaram feridos com a reação das forças israelenses. Do outro lado, o levantamento mais recente aponta que há mais de 600 judeus mortos e 1.800 feridos. No total em 24 horas foram quase mil mortos e 4 mil feridos.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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