O que são os ‘kids pretos’ citados por Moraes? Membros das Forças Especiais teriam planejado matar Lula, Alckmin e Moraes em 2022
Exército diz que, até 2023, 2,5 mil militares fazem parte do grupo. De acordo com corporação, tropas foram criadas em 1957.
“Kid preto” é um apelido informal dos militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, pelo fato de usarem um gorro preto.
Os “kids pretos” — também chamados de “forças especiais” (FE) — são militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais. Ao DE, em 2023, o Exército confirmou a existência das tropas e disse que elas operam desde 1957.
Um dos membros do grupo era o general Mário Fernandes, preso desde 2024 (entenda abaixo). Ele é réu pela trama golpista, mas não faz parte do núcleo 1 – que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal está julgando.
No voto desta terça, o relator do inquérito do golpe, ministro Alexandre DE Moraes, afirmou que foi Mário Fernandes quem imprimiu uma cópia do chamado “Plano Punhal Verde e Amarelo” antes de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro, após as eleições de 2022.
O “Punhal Verde e Amarelo” previa o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do próprio ministro Moraes. Segundo a denúncia da PGR, esse plano foi elaborado pelos “kids pretos” para impedir a posse dos eleitos e manter Bolsonaro no poder.
Segundo o Exército, até 2023, os “kids pretos” tinham um efetivo aproximado em torno de 2,5 mil militares.
Em novembro de 2024, a Polícia Federal prendeu quatro militares do Exército integrantes dos “kids pretos”, suspeitos de um golpe de Estado após as eleições de 2022 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e restringir a atuação do Poder Judiciário. Foram presos:
* general de brigada Mario Fernandes (na reserva);
* tenente-coronel Helio Ferreira Lima;
* tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo;
* major Rafael Martins de Oliveira.
Foi preso também o policial federal Wladimir Soares, que não integra o grupo.
Segundo a Polícia Federal, entre as ações elaboradas pelo grupo havia um “detalhado planejamento operacional, denominado ‘Punhal Verde e Amarelho’, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022” para matar os já eleitos presidente Lula e vice-presidente Geraldo Alckmin.
De acordo com o Exército, a nomenclatura “kid preto” é um apelido informal atribuído aos militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, pelo fato de usarem um gorro preto. O processo seletivo para as Forças de Operações Especiais é realizado entre militares voluntários que realizam curso de Ações de Comandos e de Forças Especiais, segundo o Exército.
Os “kids pretos” passam por formação no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói (RJ), no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).
Como parte do treinamento, os militares aprendem a atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência. Além disso, são preparados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.
De acordo com o Exército, os “kids pretos” podem atuar em todo o território nacional. No entanto, a corporação afirma que as tropas especiais só são empregadas por ordem do Comando do Exército, sob coordenação do Comando de Operações Especiais.
Segundo a revista Piauí, em 4 anos de governo Bolsonaro, pelo menos 26 “kids pretos” ocuparam cargos na gestão. Entre eles, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, e o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes.