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O que se sabe e o que ainda é mistério sobre os buracos negros

Última atualização 17/06/2022 | 07:44

Um lugar que é totalmente escuro, onde a força da gravidade é tão grande, que não deixa nem a luz escapar. Ela é engolida, assim como tudo o que chega perto demais, tudo que se aproxima do chamado “horizonte”, o ponto de não retorno. Assim são os buracos negros, que despertam medo, curiosidade e o empenho de cientistas ao redor do mundo. Apesar de todas as pesquisas e tecnologias, o que se passa dentro deles ainda é mistério.

“Crianças sempre perguntam o que acontece se você cai em um buraco negro, mas a gente não sabe também”, afirma o professor de astronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rafael Santucci, que também é pesquisador no Planetário da instituição.

“Se fosse possível ficar na superfície de um buraco negro sem ser engolido e acender uma lanterna apontada para cima, a luz curvaria e atingiria o chão de novo. A gente não consegue dizer o que tem dentro deste horizonte escuro, porque nada consegue escapar dele”, continua o especialista.

A estrela morre, um buraco negro nasce

Primeira imagem do Sagitário A*, buraco negro do centro da Via Láctea, divulgada em maio. (Foto: Divulgação/EHT)

O buraco negro se forma quando muita matéria é reunida em um espaço proporcionalmente pequeno demais. Pegando o nosso Sol, que é uma estrela, como exemplo, caso ele se transformasse em um buraco negro, teria 1 Km de diâmetro. Para se ter uma ideia, o Sol tem 1,4 milhão de Km de diâmetro. Assim, toda a sua massa, a matéria que o forma, seria reunida em um espaço bem menor.

Nosso Sol não corre este risco, mas aconteceu com milhões de outras estrelas bem maiores que ele, com duas vezes mais material, chamadas de supermassivas. O processo todo acontece quando a estrela morre. “No núcleo dela, o combustível que gera energia para as explosões que emitem luz tem vida útil. Uma hora vai acabar. Neste momento, algumas estrelas têm tanta massa que este núcleo reativo implode e elas viram um buraco negro”, explica o professor da UFG.

O especialista conta ainda que, apesar do nome ter se popularizado, o resultado desta implosão não é exatamente um buraco. “É um corpo esférico e muito massivo, que tem uma força gravitacional tão grande, que tudo o que se aproxima não volta”, afirma.

De longe, não tem perigo

Para a população da Terra, não há perigo de ser “engolido” por um destes. “Os buracos negros não são tão comuns, mas logicamente espera-se que existam milhões na nossa galáxia. Temos cerca de 200 bilhões de estrelas na Via Láctea, então este número de buracos negros não é surpreendente”, conta o professor. “Eles têm fama de vilões porque chegar perto é um problema. Quanto mais perto, maior o problema em que você está”, brinca o especialista.

Voltando à imaginar o nosso Sol como exemplo, ainda que ele viesse a se transformar em um buraco negro, ele não atrairia a Terra. “O planeta esfriaria bastante, mas gravitacionalmente falando, não aconteceria absolutamente nada. A Terra continuaria girando ao redor deste ponto, como já gira hoje. O problema seria se aproximar demais, mas os buracos negros são raros e a gente não tem evidência de nenhum tão próximo da Terra”, conclui.