Óculos inteligentes ajudam na inclusão de alunos da rede pública de Goiás

Com limitações visuais, crianças e adolescentes contam com a tecnologia para “enxergar” o mundo e se sentir parte dele. Presentes no dia a dia da população, as ferramentas tecnológicas contribuem com o processo de inclusão e acessibilidade. É o que acontece com os óculos OrCam MyEye, que auxiliam pessoas com baixa visão ou cegueira total.

Em Goiás, a ferramenta é sinônimo de novas possibilidades para os estudantes da rede pública estadual, que, com a ferramenta, conseguem identificar itens e pessoas de maneira mais fácil. Além, é claro, de ler livros, fazer algumas brincadeiras e até contar dinheiro, atividades, antes, muito difíceis.

Fim das limitações

Emoção e empolgação são palavras que definem o primeiro contato com o objeto, segundo Rafael Bruno, de 12 anos, que além da limitação visual tem deficiência auditiva. Ele faz parte dos quase 100 alunos contemplados pelo Governo de Goiás com o Orcam MyEye. Rafael recebeu o equipamento em dezembro do ano passado e desde então consegue executar atividades antes improváveis, como a leitura de provas.

“No início ele ficou muito eufórico, pensou que ia deixar o braille. O OrCam aponta, faz gestos pra ele, então ajudou muito. Ajuda a identificar as cédulas, fazer a leitura das provas, fez grande diferença”, contou a mãe de Bruno, Katia Fernandes Santos.

Ainda segundo Kátia, o filho não conseguia identificar itens nas prateleiras do supermercado sem que ela os descrevesse. Agora, com os óculos, a situação é bem diferente.

Rafael é aluno do 6º ano no Colégio Estadual Solon Amaral, em Goiânia, onde, segundo a mãe, é atendido por um professor especializado. No entanto, a realidade nem sempre foi essa. Kátia conta que em função da deficiência visual e auditiva, Rafael foi “rejeitado” por outra unidade de ensino, cujo nome ela preferiu não citar.

“Ele foi muito bem aceito e acolhido no Solon. Mas antes de chegar lá passamos raiva com outra escola, onde nem o primeiro dia de aula eles deixaram ele assistir a aula em sala”, contou a mãe do menino. Por causa da disfunção auditiva, Rafael tem dificuldades para ouvir o óculos em locais com muitos ruídos.

“Onde está muito tumulto ele não consegue ouvir o aparelho do OrCam muito bem, porque ele só escuta do ouvido direito e é um pouco reduzida a audição dele. Se tiver pouco ruído, ele escuta bem”, explicou a mãe.

Investimento do Governo de Goiás

O Governo de Goiás investiu cerca de R$ 2.213.617,91 milhões para a aquisição dos óculos OrCam MyEye. O aparelho israelense foi entregue para 9 estudantes da rede estadual, 18 alunos das redes municipais, além de cinco professores.

O objetivo é ampliar o alcance da política de inclusão e pensando na rede pública como um todo, o Governo de Goiás fortaleceu a parceria com os municípios ao incluir a distribuição do equipamento também para os alunos das redes municipais do Estado. Essa iniciativa integra o programa Goiás Social, que reúne diversas áreas do governo em prol da superação de carências.

Qual a importância dessa ferramenta para o desenvolvimento do aluno?

O OrCam MyEye é hoje a mais avançada tecnologia para auxiliar pessoas com baixa visão ou cegueira total. É um equipamento de tecnologia assistiva, acoplável ao rosto, que permite a leitura de textos impressos ou digitais e também faz o reconhecimento de pessoas e objetos. A descrição é feita por áudio.

Óculos OrCam MyEye (Foto: Reprodução OrCam MyEye® 2)

O equipamento possui câmera intuitiva, acoplada à armação dos óculos do usuário que fotografa, escaneia e transforma textos de qualquer superfície (papel, tela do computador, celular ou da TV, entre outros) em áudio. Também realiza leituras e interpretações e faz reconhecimentos faciais e identificação de cédulas, produtos, cores, dias, horas e tempo.

Ele escaneia e lê instantaneamente textos em português, inglês e espanhol e sua velocidade pode ser controlada, possibilitando a leitura de 100 a 250 palavras por minuto; permite escolher entre voz masculina e feminina; e tem comandos para pausar, adiantar ou retroceder a leitura.

Como ferramenta de visão artificial, proporciona o acesso à informação, esteja a pessoa onde estiver, e sem a necessidade de conexão à internet. Por suas características, o equipamento proporciona avanços nas partes cognitiva e neurológica, auxiliando os alunos em tarefas do dia a dia, com maior autonomia e segurança, e ainda permitindo que ele tenha condições de acompanhar melhor as aulas e aprender com mais facilidade.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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