Conhecido como um local para conversar com pessoas “estranhas”, o site de bate-papo virtual Omegle encerrou as atividades nesta quinta – feira, 9. Na página inicial da falecida plataforma, o fundador Leif K-Brooks,30, relembrou através de um comunicado a trajetória iniciada em 2009. A ideia era oferecer espontaneidade social, onde os usuários eram sorteados para interagir através de troca de mensagens ou por chamadas de vídeo.
“Eu realmente não sabia o que esperar quando lancei o Omegle. Alguém se importaria com algum site que um garoto de 18 anos criou em seu quarto na casa dos pais em Vermont, sem orçamento de marketing? Mas tornou-se popular quase instantaneamente após o lançamento e cresceu organicamente a partir daí, alcançando milhões de usuários diários. Acredito que isso tenha a ver com o fato de conhecer novas pessoas ser uma necessidade humana básica”, disse.
K-Brooks ainda explicou que ao longo dos anos as pessoas utilizavam a plataforma para explorar culturas estrangeiras, obter conselhos e aliviar sentimentos de solidão e isolamento, mas não demorou muito para ser usada de má fé.
“Praticamente todas as ferramentas podem ser usadas para o bem ou para o mal e isso é especialmente verdadeiro no caso das ferramentas de comunicação, devido à sua flexibilidade inata. Não pode haver uma contabilidade honesta do Omegle sem reconhecer que algumas pessoas o usaram indevidamente, inclusive para cometer crimes hediondos e indescritíveis”, afirmou.
Segundo a BBC News, o site foi mencionado em mais de 50 processos contra pedófilos nos últimos anos. Discursos de ódio e xenofobia também foram identificados. K-Brooks afirmou que alternativas para combater as práticas criminosas foram desenvolvidas como uma parceria com o Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas, trabalhos com agências de aplicação de lei e pesquisas de feedback com os usuários.
Os ataques ao Omegle junto a pressão das comunidades on-line renderam estresse e despesas operacionais. Leif K-Brooks não suportou e decidiu colocar um ponto final na história de 14 anos que havia perdido o sentido. Ele encerrou o comunicado oficial lamentando o ocorrido e agradecendo aos internautas que participaram da jornada, os incentivando a lutar pelos seus direitos na internet.
“A batalha pelo Omegle foi perdida, mas a guerra contra a Internet continua. Preocupo-me que, a menos que a maré mude em breve, a Internet pela qual me apaixonei possa deixar de existir e, no seu lugar, teremos algo mais próximo de uma versão melhorada da televisão – focada em grande parte no consumo passivo, com muito menos oportunidade de participação ativa e conexão humana genuína. Do fundo do coração, obrigado a todos que usaram o Omegle para fins positivos e a todos que contribuíram de alguma forma para o sucesso do site. Sinto muito por não poder continuar lutando por você”, disse.