Onças-pardas são avistadas nas ruas do Diário do Estado e Alto Paranaíba: especialista explana sobre o fenômeno

oncas-pardas-sao-avistadas-nas-ruas-do-diario-do-estado-e-alto-paranaiba3A-especialista-explana-sobre-o-fenomeno

Onças nas ruas assustam moradores do Diário do Estado e Alto Paranaíba nas últimas semanas; especialista explica aparições

Dois aparecimentos foram registrados em Uberlândia e Araxá com um intervalo de nove dias. O médico veterinário Cláudio Yudi explica que os hábitos territorialistas, a busca por alimento e a expansão urbana estão relacionados com o aparecimento dos animais na região.

Em um intervalo de nove dias, duas ocorrências envolvendo onças-pardas em áreas urbanas do Diário do Estado Mineiro e Alto Paranaíba chamaram a atenção de moradores e reacenderam dúvidas sobre a presença dos felinos em áreas urbanas.

Na madrugada de 25 de maio, uma onça-parda foi flagrada circulando pelas ruas de Araxá, no Alto Paranaíba. O animal, também conhecido como suçuarana, tentou escalar o portão de um supermercado no Bairro São Geraldo.

Poucos dias depois, em 6 de junho, uma onça-parda rondou a calçada e saltou o muro de um condomínio fechado na zona sul de Uberlândia. Nos dois casos, câmeras de monitoramento registraram os animais circulando pelas áreas residenciais.

MARCAÇÃO DE TERRITÓRIO

Segundo o médico veterinário Carlos Yudi, os felídeos, como a onça-parda e o gato-do-mato, são territorialistas e vivem de forma solitária. Quando desmamam procuram territórios próprios, diferentes daqueles dos pais.

A marcação de território é feita através da urina, fezes ou unhas, deixando o cheiro dos animais por onde passam. Machos da onça-parda, por exemplo, têm territórios que vão de 150 a 300 quilômetros, enquanto a fêmea ocupa territórios que ficam entre 50 e 150 quilômetros.

Com a urbanização crescente, os fragmentos de vegetação nativa antes contínuos, agora estão isolados por áreas de pastagem, agricultura e vias pavimentadas. Como consequência, os animais precisam cruzar zonas urbanas em busca de novos territórios e alimento.

“O que estamos vendo não é necessariamente um aumento de onças na região, mas uma mudança no ambiente que obriga esses animais a se adaptarem e a circularem por locais antes incomuns para eles”, explicou o especialista.

BUSCA POR ALIMENTO

A presença de sítios com criação de aves, como galinhas, próximos às cidades também atrai os felídeos, que possuem dieta variada e aproveitam fontes de alimento mais fáceis. Uma vez que identificam locais com acesso recorrente à comida, os animais tendem a retornar até que a fonte se esgote.

Além disso, durante o período seco, é comum que os felinos se desloquem mais intensamente à procura de água e alimento.

Ainda segundo o veterinário, apesar das queimadas de 2024 no Diário do Estado Mineiro, a presença contínua de felinos na região mostra a resiliência da fauna local. Contudo, Yudi alerta para o risco de desaparecimento desses animais caso não haja preservação adequada dos corredores ecológicos e áreas naturais remanescentes.

O QUE FAZER SE ENCONTRAR UMA ONÇA

Cláudio Yudi explica que esses animais não costumam atacar seres humanos e que os casos de agressão são raros e geralmente provocados por situações de estresse, em que os animais se sentem acuados.

A recomendação é clara: caso encontre uma onça, o ideal é manter a calma, não fazer barulho, afastar-se lentamente e acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros ou a Polícia Ambiental. A contenção do animal pode exigir sedação, feita exclusivamente por médicos veterinários capacitados.

Em cidades como Uberlândia e Uberaba, os animais resgatados são encaminhados a Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), como o de Patos de Minas, com apoio de órgãos como o Ibama e o Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Segundo o Zoológico de Brasília, a onça-parda, também conhecida como leão-baio, suçuarana ou puma, é um felino de médio porte que se destaca pelo corpo esguio, cabeça pequena e pelagem variável ao longo da vida. Carnívora, a onça-parda possui uma gestação de cerca de 90 dias e costuma gerar em média três filhotes por ninhada. Em cativeiro, sua expectativa de vida pode chegar a 20 anos.

O animal é classificado como “vulnerável” pelo Ministério do Meio Ambiente devido à destruição e fragmentação de seu habitat. Isso é especialmente preocupante na Mata Atlântica, onde populações estão se tornando isoladas por áreas de pasto e plantações, o que compromete sua sobrevivência a longo prazo.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp