Ônibus param de rodar no Rio Sena após morte de jovem com autismo
Seis linhas que atendem à região foram impactadas, segundo Semob. Corpo da vítima foi sepultado na tarde desta quarta-feira (24), em Candeias.
Noite foi marcada por novos protestos no Rio Sena
[https://s04.video.glbimg.com/x240/13956339.jpg]
Os ônibus do transporte público pararam de rodar no Rio Sena, em Salvador, após a morte do jovem Marcos Vinícius Alcântara, de 26 anos. A informação foi confirmada ao DE nesta quarta-feira (24) pela Secretaria de Mobilidade (Semob).
O homicídio aconteceu na segunda-feira (22), durante uma ação policial. A Polícia Militar (PM) afirma que o rapaz, que tinha autismo, foi baleado durante uma troca de tiros entre facções rivais. Já os moradores do bairro acusam os militares de chegarem atirando.
Amigos, familiares e vizinhos protestaram na noite de terça (23), quando objetos chegaram a ser queimados na pista para impedir a passagem de veículos na região. Em seguida, segundo a Semob, seis linhas de ônibus tiveram itinerários ajustados.
Os coletivos passaram a fazer final de linha na localidade conhecida como Largo do Luso, e, até a última atualização desta reportagem, ainda não havia previsão para retomada do atendimento. As linhas são:
0237 – Ribeira x Alto da Terezinha
1627 – Lapa x Alto da Terezinha
1655 – Est. Pirajá x Rio Sena/ Alto da Terezinha
1674-02 – Alto da Terezinha x BRT Hiper
1655-01 – Alto da Terezinha x Estação Pirajá (via Pajussara)
1628 – Lapa x Rio Sena
O corpo de Marcos Vinícius foi sepultado na tarde desta quarta, no Cemitério Vale da Saudade, em Candeias, Região Metropolitana de Salvador (RMS). A cerimônia reuniu dezenas de pessoas, que se deslocaram em ônibus e vans.
Em entrevista à TV Bahia, uma vizinha e amiga do jovem lamentou o ocorrido. “Vinicius não é o primeiro e nem o último a cair na estatística. E eu pergunto: vai ficar assim? A gente quer justiça. Ele não merecia morrer da forma como morreu. Ele era um menino doce e alegre”, disse Fernanda.
Marcos Vinícius era bastante querido pela comunidade e frequentemente aparecia em vídeos gravados pelos moradores do bairro. Segundo Maria do Carmo, mãe da vítima, o jovem usava um cordão de identificação de autismo, que desapareceu após a morte dele.
Ainda não há detalhes sobre as circunstâncias do assassinato, mas a mãe de Marcos Vinícius acredita que ele tenha se assustado com o barulho dos tiros, corrido e sido baleado em seguida.
Um dos moradores, que não quis se identificar, contou que avisou aos policiais que o jovem era “especial” durante a ação, mas que ouviu como resposta: “agora eu sou adivinha?”.
Marcos Vinícius foi socorrido por equipes da Companhia de Policiamento Tático (Rondesp) e levado para o Hospital do Subúrbio, onde o óbito foi constatado. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso.