Operação contra grupo que divulgava imagens íntimas de meninas e mulheres
apreende mais de 200 mil arquivos
Quatro suspeitos foram presos, e quatro menores, apreendidos. A ação aconteceu
em 21 municípios em 8 estados e no DF.
A Operação Abraccio, deflagrada na manhã desta segunda-feira (30), apreendeu
mais de 200 mil arquivos com fotos e vídeos de meninas e mulheres em situações
degradantes. A ação mira uma quadrilha acusada de compartilhar imagens íntimas e
humilhar vítimas [https://DEDE.de/de/de/de/operacao-mira-rede-de-crimes-de-odio-e-exploracao-sexual-de-menores.ghtml] por
meio de chantagens nas redes sociais.
Cinco homens foram presos, e quatro menores, apreendidos.
“Elas eram obrigadas a se mutilar, escrever os nomes desses homens em partes de
seus corpos”, afirmou a delegada Gabriela von Beauvais, diretora do Departamento
Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM).
A ação aconteceu em 21 municípios em 8 estados – Rio de Janeiro [https://DEDE.de/de/de/de-de/de/de/], São Paulo
[https://DEDE.de/de/de/de-de/de/de/de/], Minas Gerais, Santa
Catarina, Bahia, Amazonas, Goiás, Piauí – e no Distrito Federal e contou com a
participação de mais de 160 policiais.
“Os vídeos são muito fortes. São vídeos com conteúdo misógino e racista, com
xingamentos. Foram inúmeras violências praticadas ali. Eles também exigiam
sacrifício de animais que essas vítimas tinham. Porque o objetivo era que elas
sofressem muito. Nada era suficiente”, disse a delegada Fernanda Fernandes.
PRISÕES
1 de 1 Quatro pessoas são presas em operação em 8 estados e no DF contra
quadrilha que compartilhava imagens íntimas de menores em redes sociais — Foto:
Reprodução/ TV Globo
Quatro pessoas são presas em operação em 8 estados e no DF contra quadrilha que
compartilhava imagens íntimas de menores em redes sociais — Foto: Reprodução/ TV
Globo
Os policiais civis cumpriram quatro mandados de prisão. Uma pessoa está
foragida. A delegada Gabriela definiu as cenas das imagens apreendidas como
“horrendas”.
“É um grupo criminoso misógino que visava humilhar meninas e mulheres através de
violência psicológica, violência física e violência sexual. Tudo virtualmente”,
explicou.
O grupo agia conquistando a confiança das vítimas por meio de aplicativos de
namoro ou outros meios virtuais. Após convencer as mulheres a enviarem fotos
íntimas, os integrantes passavam a ameaçá-las com a divulgação das imagens.
Elas eram convencidas a participar de “desafios” que contavam com várias formas
de violência.
Um dos presos é o militar da Aeronáutica Pedro Henrique Silva Lourenço que, de
acordo com a polícia, é suspeito de aliciar as vítimas, que eram obrigadas a
participar de “desafios” nos quais eram obrigadas a se automutilar. Quem não
cumpria tinha imagens íntimas divulgadas.
Ele foi questionado, mas preferiu não se manifestar. Procurada, a Aeronáutica
não respondeu.
Também foram presos: Gustavo Barbosa da Silva e João Vitor França de Souza.
Vitor Bruno Tavares, que já estava preso, teve a prisão convertida de temporária
para preventiva.
Outros 4 menores foram apreendidos.
INVESTIGAÇÕES
As investigações sobre o grupo começaram a partir da denúncia da mãe de uma
menor de 16 anos, que procurou a Deam de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
“A partir daí conseguimos identificar esse autor. Ele simulava um envolvimento
amoroso com a vítima e, a partir daí, ela mandou a primeira foto íntima e passou
a ser coagida e ameaçada”, afirmou a delegada Fernanda Fernandes.
Ela contou que, a partir das primeiras ameaças, os “desafios” impostos pelo
grupo migraram para o aplicativo Discord.
“Começaram a exigir dessa vítima, alguns ela teve que cumprir, acreditando que
não ocorreriam consequências e, mesmo tendo cumprido parte deles, eles criaram
outro grupo, aí sim para divulgar dados pessoais dela, da mãe da vítima. E os
vídeos íntimos”, contou a delegada.
Fernanda Fernandes contou que o segundo grupo foi criado para a divulgação dos
dados para os familiares da menor, com o objetivo de humilhá-la. A mãe da
adolescente soube por ele que a filha estava sendo chantageada.
A partir da identificação do primeiro integrante, foi possível para os
investigadores saber quem eram os outros integrantes da quadrilha.
Também foi possível para os policiais saberem quem eram as vítimas. Pelo menos
10 meninas e mulheres foram identificadas, mas o número pode ser maior.
MENORES
As investigações continuam com o objetivo de identificar mais envolvidos nos
crimes sexuais.
As duas delegadas destacaram a importância de que os pais monitorem o tipo de
conteúdo que os filhos consomem na internet, para minimizar as chances de que
caiam em armadilhas de criminosos. E que, em caso de crime, a polícia deve ser
procurada.
“É necessário que os pais de crianças e adolescentes monitorem o que eles andam
fazendo nas redes sociais pois, ali, são praticados crimes cruéis, como é
possível ver na operação e precisamos combater”, destacou Gabriela von Beauvais.