A Operação Blasfêmia, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em conjunto com o Ministério Público estadual, visou desmantelar uma quadrilha que atuava em um call center em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O grupo cobrava fiéis para fazer orações, prometendo curas e milagres. O pastor Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como profeta Henrique Santini, e outros 22 integrantes foram denunciados. A investigação revelou movimentações financeiras superiores a R$ 3,3 milhões em dois anos, levando ao sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias dos envolvidos. A denúncia apontou que eles utilizavam o Pix para realizar transferências.
Segundo o Ministério Público, Henrique Santini possui mais de oito milhões de seguidores em suas redes sociais e oferecia promessas de milagres relacionados à vida financeira e afetiva dos fiéis. A prática de cobrar pela realização de orações fazia parte de um esquema de exploração financeira da fé, onde vítimas acreditavam estar em contato direto com o suposto líder espiritual, mas na verdade eram atendidas por pessoas que se passavam por ele. Os valores cobrados variavam de R$ 20 a R$ 1,5 mil, dependendo do tipo de oração solicitada, e as transações eram realizadas por meio de transferências via Pix.
As investigações apontaram que o grupo usava uma rede de contas bancárias em nome de terceiros para movimentar o dinheiro arrecadado, dificultando a identificação das transações. Os atendentes eram remunerados com base em comissões proporcionais à arrecadação semanal e submetidos a metas rigorosas. A investigação teve início em fevereiro deste ano, quando foi descoberto o call center, resultando na apreensão de celulares, notebooks e cartões pré-pagos de telefonia móvel. Esse material confirmou a atuação coordenada do grupo e identificou milhares de vítimas em todo o país.
A operação ainda busca identificar novas vítimas e possíveis cúmplices da organização criminosa. Em entrevista à TV Globo, Santini alegou ser vítima de perseguição religiosa. O GLOBO tentou contatar sua defesa, sem sucesso até o momento. A situação permanece em desenvolvimento, e mais detalhes podem surgir conforme a investigação avança. A sociedade deve estar atenta a possíveis golpes que exploram a fé das pessoas e contribuir para a denúncia de atividades ilegais que prejudicam a comunidade. Ações como a Operação Blasfêmia são essenciais para coibir práticas abusivas e proteger os cidadãos de falsos líderes religiosos.