A “Máfia do INSS” é o foco da recente operação Cambota realizada pela Polícia Federal (PF), onde foram apreendidas obras de arte em imóveis relacionados aos investigados. A PF confirmou que os quadros confiscados são de renomados artistas como Emiliano Di Cavalcanti e Tomie Ohtake.
Na sexta-feira (12), a PF recolheu um conjunto variado de quadros, esculturas e obras de arte em São Paulo, em uma ação contra a chamada “máfia do INSS”, acusada de desviar mais de R$ 6,3 bilhões em descontos ilegais de aposentados.
De acordo com as investigações, as obras de arte incluem quadros de Portinari, conhecido por sua participação na Semana de Arte Moderna de 1922 e obras que normalmente valem entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. Destaca-se também uma obra de Tomie Ohtake, artista plástica nipo-brasileira reconhecida pelo abstracionismo lírico.
Peritos em obras de arte e especialistas em museologia avaliaram as fotos das obras apreendidas e sugeriram que algumas pinturas podem ser de artistas consagrados, como Portinari e Ohtake. Caso confirmadas, as obras incluiriam quadros raros de Cândido Portinari, avaliados entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões.
Outros trabalhos apreendidos podem ser atribuídos a artistas como Orlando Teruz, Dario Mecatti e esculturas de Flory Gama. A investigação aponta que parte do dinheiro desviado do INSS era investido em obras de arte, uma prática utilizada pelo esquema da “máfia do INSS”.
Além das obras de arte, estátuas de bronze, incluindo uma reprodução de “O Pensador” de Auguste Rodin, foram confiscadas. Há também esculturas de caráter sensual e erótico assinadas por Bruno Zach, junto com outras peças de arte de valor estimado entre R$ 3 mil e R$ 8 mil.
O esquema identificado pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU) envolvia o cadastramento indevido de aposentados e pensionistas do INSS em associações fictícias, para descontos fraudulentos em folhas de pagamento. As entidades ofereciam propina a servidores do INSS para obter dados dos beneficiários e utilizar assinaturas falsas para autorizar os descontos.
A investigação iniciada em 2023 pela CGU resultou na operação Cambota da PF em 2024, revelando um amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro do INSS. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, com dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão nos estados de São Paulo e Distrito Federal.
Os acusados como o ‘Careca do INSS’, Antônio Carlos Camilo Antunes, e o empresário Maurício Camisotti foram presos, juntamente com outros envolvidos no esquema de fraudes. As defesas dos acusados buscam reverter as prisões, alegando irregularidades nas ações policiais e reafirmando a inocência dos investigados. A investigação continua em curso para apurar a extensão e os responsáveis pelo esquema ilegal no INSS.