Megaoperação no noroeste paulista mira envolvidos do PCC em esquema bilionário no setor de combustíveis
Uma força-tarefa intitulada Carbono Oculto está em andamento nas cidades de Catanduva, São José do Rio Preto, Ariranha e Marapoama (SP) nesta quinta-feira (28). O objetivo é desarticular um esquema bilionário no setor de combustíveis, liderado por membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
A ação contempla a execução de 16 mandados no noroeste paulista, a fim de combater as irregularidades identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis no Brasil. Os agentes estão focados em desmantelar as atividades ilícitas que envolvem mais de 350 alvos em todo o país, incluindo pessoas físicas e jurídicas suspeitas de crimes como contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.
Segundo as investigações, o PCC estava envolvido na importação irregular de produtos químicos para adulterar os combustíveis, impactando cerca de 30% dos postos no estado de São Paulo. Estima-se que mais de 2.500 estabelecimentos estivessem envolvidos nesse esquema criminoso.
Além disso, autoridades da Fazenda apontam que o grupo sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais. Durante o período entre 2020 e 2024, aproximadamente mil postos de combustíveis vinculados à organização movimentaram cerca de R$ 52 bilhões.
Dentre os bens adquiridos com os recursos ilegais estão um terminal portuário, quatro usinas de álcool, 1.600 caminhões para transporte de combustíveis e mais de 100 imóveis, incluindo fazendas no interior de São Paulo. A complexidade das transações econômicas e criminosas envolveu a realocação dos lucros em uma extensa rede de interpostas pessoas e empresas para ocultar os beneficiários.
As investigações apontam que o esquema criminoso também abarcava a coação de fazendeiros, proprietários de usinas e postos de gasolina para a venda de suas propriedades aos grupos criminosos, incluindo ameaças de incêndios em canaviais, empresas e propriedades rurais como forma de intimidação.
O Ministério Público paulista, juntamente com instituições como a Receita Federal, Secretaria da Fazenda de SP, ANP e PGE-SP, coordena as ações para combater essas práticas ilícitas. A operação tem forte apoio dos Ministérios Públicos de outros estados no cumprimento dos mandados e na recuperação dos ativos desviados. É fundamental a participação conjunta das autoridades para combater efetivamente esse esquema bilionário que prejudica não só os consumidores, mas toda a cadeia econômica relacionada aos combustíveis no Brasil.