Operação Carne Fraca poderá afetar vendas do Brasil no exterior, diz entidade

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, avaliou que a imagem do Brasil no estrangeiro vai ser muito afetada, de forma negativa, pelo resultado das investigações da Polícia Federal (PF) que culminaram na Operação Carne Fraca, deflagrada hoje (17) . De acordo com a PF, os frigoríficos envolvidos no esquema criminoso colocavam ácido ascórbico em carnes vencidas e as reembalavam para venda nos mercados interno e externo.

Castro vê com preocupação a situação, “porque o Brasil demorou muito tempo para consolidar sua participação no mercado internacional e hoje é um dos grandes exportadores de carne. Então, com isso, a imagem do país, vai ser muito afetada”.

Ele esclareceu que como a exportação de carne não é bolsa de mercadorias mas mercado físico, “oferta e demanda”, o país vai enfrentar eventuais cancelamentos e possíveis reduções de preços. Disse que o cenário só não será pior porque nos Estados Unidos, que são o maior exportador de carne de frango hoje, apareceu mais um caso de gripe aviária. “Mas, infelizmente, nós vamos sentir o impacto negativo aqui”.

Emprego e divisas

Segundo Castro, o Brasil exporta atualmente quase US$ 12 bilhões (o equivalente a quase R$ 40 bilhões) de carnes bovina, suína e de frango por ano. “É um setor que emprega muita gente. Os principais compradores da carne brasileira de frango são Arábia Saudita, China e Japão, que são muito exigentes. Possivelmente, eles vão cancelar seus contratos ou vão pedir novos certificados”, indicou Castro.

Ele salientou que, eventualmente, poderá ocorrer repercussões em terceiros países, que podem entender que o Brasil perdeu credibilidade com a emissão de certificados. “É um cenário difícil”, pontuou. O presidente da AEB lamentou que depois da notícia de ontem de que o Brasil aumentou, pela primeira vez nos últimos meses, o nível de emprego, ter essa notícia hoje “foi muito ruim”.

Supermercados

A Operação Carne Fraca impactou também no mercado interno. Em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) orientou seus associados a “priorizar a qualidade e a segurança na comercialização dos alimentos vendidos em todas as lojas do Brasil”.

A entidade destacou que sempre recomenda a aquisição de produtos com o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). “Vale ressaltar que as lojas não mantêm produtos perecíveis em estoque por mais de 10 dias, que é o prazo médio entre a produção e a comercialização”, observou. A Abras disse ainda que está aguardando a identificação dos lotes irregulares para tomar as medidas necessárias, segundo a nota.

Fonte: Agência Brasil

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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