Alvo de operação contra expansão do Comando Vermelho dava ordens de dentro da
cadeia em grupos de mensagem
Até a última atualização desta reportagem, 17 pessoas haviam sido presas — houve
represália do tráfico, com fechamento de avenidas. Segundo a denúncia, a
DE Gardênia Azul e a Cidade de Deus são bases para que o Comando Vermelho ataque
outras comunidades.
A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro referente à operação desta segunda-feira (29) na Zona Sudoeste contra a expansão do
Comando Vermelho (CV) afirma que um chefe da facção, mesmo preso, dava ordens por grupos de mensagem de celular. Glauber Costa de Oliveira, o GL, foi um dos alvos da força-tarefa, que reuniu MPRJ e as polícias Civil e Militar.
O comandante Marcelo DE Menezes, secretário estadual da PM, disse que partem da
Gardênia Azul e da Cidade de Deus “ações criminosas do CV pelo Estado”.
Até a última atualização desta reportagem, 17 pessoas haviam sido presas — houve
represália do tráfico, com fechamento de avenidas. “Tivemos mais uma vez
episódios de terrorismo dessa facção criminosa no sentido de impedir as vias.
Não há legislação que coíba isso atualmente no país”, declarou o delegado Felipe
Curi, secretário estadual da Polícia Civil.
ORDENS DA CADEIA
Glauber Costa de Oliveira, o GL, está na cadeia desde 2023. Ele é um dos 22
denunciados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco/MPRJ) por associação para o tráfico.
Segundo o MPRJ, GL, apontado como gerente do CV na Grande Jacarepaguá, “emitia
diversas ordens e orientações sobre a venda de drogas” mesmo de dentro da
cadeia. O Gaeco também identificou 14 “soldados” e 7 “olheiros” do tráfico —
todos foram denunciados.
A OPERAÇÃO
A força-tarefa saiu para cumprir 12 mandados de prisão e 18 de busca e
apreensão, expedidos pela 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá. A operação contou
ainda com o apoio da Polícia Civil do Pará — uma jovem apontada como elo entre
criminosos dos 2 estados foi presa.
“A mulher tinha uma ação direta atuando como soldado mesmo, portando fuzil, no
tráfico da Gardênia. Ela voltou ao Pará há um mês e vinha fazendo a interlocução
do Rio de Janeiro com o Pará”, explicou Moysés Santana, da Delegacia de
Repressão a Entorpecentes da Capital (DRE-Cap).
Segundo Moysés, a jovem disse que já foi presa na França por tráfico
internacional de drogas e gostava de ostentar nas redes.
Gustavo Fossati, delegado da Polícia Civil do Pará, acrescentou que muitos
integrantes do Comando Vermelho vieram para o Rio. “Existem muitos faccionados
do Pará aqui. Vários não têm mandado de prisão. Isso é tão recorrente que a
gente sequer conhece alguns”, disse.
“O Comando Vermelho do Pará é uma filial do Rio de Janeiro. Eles recrutam
faccionados jovens para atuar aqui no Rio de Janeiro. De novembro de 2021 até
hoje, 24 paraenses morreram em confronto com a polícia fluminense”, emendou.
TIROS E BARRICADAS
Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria
de Recursos Especiais (Core), as tropas de elite da polícia do RJ, foram
recebidas a tiros, sobretudo na Gardênia.
Bandidos, em represália, tentaram fechar importantes vias na região:
– Na Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, que liga a Freguesia à Cidade de
Deus, barricadas em chamas interditavam ambos os sentidos. Um caminhão e um
ônibus da linha 368 (Riocentro-Candelária) foram tomados e usados como
barricada.
– Na Avenida Ayrton Senna, na altura do Anil, a pista lateral ficou bloqueada
depois que uma mulher roubou as chaves de coletivos das linhas 315
(Recreio-Central) e 415 (Caxias-Barra da Tijuca). Na pista principal, um
grupo ateou fogo a entulho, mas a PM interveio e liberou a faixa.
Com as interdições, linhas de ônibus tiveram de mudar de itinerário.
Parte dos presos chegou a fazer um motorista refém antes de se render. No
veículo havia armas e drogas. O sequestrado nada sofreu.