Carros milionários, entre eles uma Ferrari, muito dinheiro em espécie e joias. Uma operação da Polícia Federal (PF) em quatro estados brasileiros contra uma quadrilha especializada em roubos de cargas apreendeu bens de criminosos que exibiam uma vida de luxo. Ao todo, a Justiça autorizou os sequestros de itens e valores que somam um total de R$ 70 milhões.
A Ferrari, avaliada em cerca de R$ 3 milhões, foi encontrada em Jandira (SP), na residência do Fabrício Pimentel Azevedo Silva, apontado como um dos líderes da quadrilha. Na mesma propriedade, os agentes também recolheram R$ 534,8 mil em dinheiro. Segundo o delegado da PF, Edson Geraldo de Souza, a organização criminosa possuía dois chefes, sendo que um deles já havia sido preso em operações anteriores, assim como outros membros do bando.
A ação da PF, realizada na segunda-feira (24), resultou na prisão de 17 pessoas, além do cumprimento de mandados de prisão temporária e busca e apreensão em municípios de São Paulo, Paraná, Rondônia e Rio Grande do Sul. Um total de 110 policiais federais e 100 policiais militares estavam envolvidos na operação, que desarticulou um grupo especializado em roubos violentos de cargas e caminhões, bem como em desmanche, receptação e lavagem de dinheiro.
A organização criminosa atuava em duas frentes, conforme explicou o delegado da PF: na encomenda dos crimes, com modelos específicos de caminhões como alvo, e na comercialização das peças aos receptadores após o desmanche. Fabrício liderava esse esquema, sendo responsável pela demanda na linha de frente e pela venda final, resultando no maior lucro da quadrilha.
Além da Ferrari e dos R$ 534,8 mil apreendidos na residência do chefe da quadrilha, os agentes confiscaram armas, joias, carros e mais dinheiro em espécie, incluindo real, euro e dólar. Em Vilhena (RO), a polícia encontrou carcaças de caminhões roubados. A investigação, conduzida por um grupo especializado de repressão a roubo de cargas da Delegacia da Polícia Federal de Campinas, teve início em 2023 após um assalto em Cajamar (SP).
A organização criminosa utilizava empresas de peças e manutenção para se dedicar à receptação e venda de caminhões, equipamentos e motores roubados. O grupo encomendava roubos específicos com o modelo de carreta desejado, principalmente marcas suecas. A operação identificou três núcleos de atuação: roubo, desmanche e receptação. O nome da operação, “Hammare” (martelo em sueco), referia-se ao principal instrumento utilizado pelo grupo para acessar os veículos e à preferência pelas marcas.
Após os roubos e desmanches, a quadrilha adulterava os números de chassi e peças dos caminhões para poder vendê-los no mercado legal. Os principais locais dos roubos eram as regiões de Campinas e Sorocaba, em São Paulo, enquanto os centros de desmanche ficavam em Osasco. As peças eram enviadas para venda em outros estados do Brasil. A maioria dos crimes envolvia caminhões que não utilizavam tecnologia inibidora de bloqueadores de sinal.
Neste contexto, a PF cumpriu diversos mandados de prisão e busca em diferentes cidades, resultando na desarticulação de uma organização criminosa especializada em roubo de cargas e caminhões. A atuação intensa da Polícia Federal demonstra o compromisso com o combate ao crime organizado e à criminalidade violenta no país, garantindo a segurança da população e a integridade do sistema de transporte de cargas.