Operação Esganar: Prisão de Suspeitos de Morte de Músicos em Arembepe

Uma operação contra indivíduos envolvidos na morte dos irmãos Daniel e Gustavo Natividade, músicos do bloco Malê Debalê, resultou na prisão de seis suspeitos em Arembepe, na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A ação foi realizada nesta quinta-feira (5) e teve como alvo pessoas suspeitas de tráfico de drogas e homicídios. Entre os detidos, cinco tiveram mandados cumpridos, enquanto o sexto foi flagrado negociando entorpecentes na região, que é conhecida por ser um importante ponto turístico da Bahia, localizado na famosa Linha Verde. Detalhes sobre as atividades dos cinco investigados não foram revelados.

A operação, denominada “Operação Esganar”, segue em andamento e tem como objetivo executar mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra o grupo em questão. De acordo com informações da polícia, os suspeitos atuam principalmente nas proximidades da Aldeia Hippie e em um local conhecido como Sangradouro. Além disso, há suspeitas de que este mesmo grupo esteja envolvido em um triplo homicídio ocorrido em outubro de 2023, também em Camaçari.

Dentre os investigados, a polícia destaca Djavan Santos Conceição, mais conhecido como Edcity, apontado como líder do grupo criminoso. Atualmente, ele está detido em Cuiabá (MT), após ter sido capturado em uma operação da Polícia Federal em novembro deste ano. A operação mobilizou 27 equipes da Polícia Civil, comandadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), contando com o apoio da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (CORE), 26ª Delegacia Territorial (DT/Abrantes), Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE/Salvador) e Departamento de Inteligência Policial (DIP).

Adicionalmente, cinco equipes da Polícia Militar, subordinadas ao Comando de Policiamento da Região Metropolitana (CPRM/RMS), participaram da operação para garantir segurança e controle em pontos estratégicos. A ação resultou na prisão de cinco suspeitos de integrarem o grupo criminoso em Camaçari. Para mais informações sobre a operação, outras notícias do estado da Bahia, acesse o De.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Polícia Civil indica 3 PMs por morte de funcionário da Embasa desarmado

Polícia Civil indicia três PMs por morte de funcionário da Embasa; trabalhador estava desarmado quando foi abordado por agentes

Welson Figueredo Macedo, de 28 anos, foi baleado no bairro de Castelo Branco, em julho deste ano. Imagens e depoimentos contestaram versão apresentada pelos policiais.

Welson Figueredo Macedo morreu após ser baleado com um tiro nas costas, em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Polícia Civil concluiu um inquérito sobre a morte do jovem Welson Figueredo Macedo, de 28 anos. O funcionário terceirizado da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) morreu após ser baleado por um policial militar na noite de 9 de julho, no bairro de Castelo Branco.

À época, a PM disse que Welson era suspeito de roubar um casal e que ele teria sido atingido em meio a uma troca de tiros com os agentes. No entanto, imagens de câmeras de segurança contestam essa versão.

Os vídeos obtidos com exclusividade pela produção da TV Bahia mostram que Welson saiu do trabalho de moto, deixou um colega em casa e, minutos depois, foi abordado pelos PMs. Ele estava desarmado, com as duas mãos no guidão, enquanto pilotava o veículo.

Em depoimento, as vítimas do assalto também disseram que não reconheceram Welson como um dos assaltantes.

Com base nessas e outras informações, os investigadores decidiram indiciar os três policiais militares envolvidos na ocorrência por homicídio e fraude processual. O inquérito foi remetido ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) na segunda-feira (9).

Agora cabe ao órgão dar seguimento ao processo para avaliar se denuncia, ou não, os agentes à Justiça.

Em nota, a Polícia Militar lembrou que falta apenas o resultado dos laudos periciais para a conclusão da sindicância aberta internamente. Se constatarem a responsabilidade dos agentes no crime, eles podem ser demitidos da corporação.

FAMÍLIA LUTA POR JUSTIÇA

Os parentes do jovem Welson Figueredo Macedo lutam por justiça à memória dele enquanto lidam com o luto da perda. Para o pai do jovem, Elieson Macedo, tem sido difícil lidar com a dor.

De acordo com Macedo, a mãe de Welson precisou sair do trabalho, pois segue muito abalada. O jovem deixou ainda esposa e um filho de 8 anos.

Welson deixou esposa e um filho de oito anos — Foto: Reprodução/Redes sociais

RELEMBRE O CASO

Em nota divulgada à época, a PM disse que agentes da 47ª Companhia Independente (CIPM/Pau da Lima) faziam rondas na região, quando avistaram três suspeitos assaltando um casal. Com a aproximação, o trio teria atirado contra a viatura e fugido em seguida.

Momentos depois, a corporação teria recebido denúncias de que eles estavam no fim de linha do bairro. Com isso, teria ocorrido troca de tiros entre agentes e suspeitos, com um dos criminosos baleado. O suposto assaltante seria Welson, levado para o Hospital Eládio Lasserre, onde morreu durante uma cirurgia. Os militares teriam ainda apreendido com ele um revólver e munições de calibre 38, além da motocicleta.

Cerca de quatro meses após o crime, a TV Bahia reuniu informações que contestam os relatos policiais. Tanto imagens da área quanto os depoimentos das vítimas do assalto indicam que Welson não estava armado. Confira:

O QUE MOSTRAM AS IMAGENS

Câmera de segurança mostra momento em que terceirizado da Embasa é baleado na Bahia

De acordo com a Embasa, o funcionário trabalhou regularmente o dia inteiro no dia 9 de julho. Registros da empresa mostram que ele deixou o posto de trabalho às 19h18, pilotando uma moto e com um colega na garupa.

Um outro vídeo, às 19h46, mostra Welson sozinho, trafegando pela praça de Castelo Branco após deixar o amigo em casa. Foram apenas quatro minutos entre o ponto onde ele deixou o parceiro e foi interceptado pela polícia, na Rua Caminho 35.

O relógio marcava 19h50 quando Welson foi visto desarmado e recebendo o tiro. Pelas imagens, é possível ver que a vítima levantou uma das mãos no momento em que policiais e a viatura se aproximaram.

Depois, às 19h52, um dos agentes levantou a moto e colocou o veículo no canto da pista.

Na sequência, os agentes mudaram a posição de Welson e suspenderam a camisa dele. Oito minutos se passaram até que a viatura da 47ª CIPM/Pau da Lima se movimentou e uma segunda viatura, da mesma companhia, chegou ao local.

Somente às 19h59, Welson foi colocado no carro dessa segunda equipe, que não participou da ação inicial. Às 20h, exatos 10 minutos após o disparo, ele foi levado para o Hospital Eládio Lasserre.

O trabalhador chegou vivo à unidade de saúde, passou por cirurgia, mas morreu às 21h20. A perícia aponta que a causa da morte foi traumatismo abdominal provocado por arma de fogo.

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que determinou a apuração do caso e reforçou que a Corregedoria e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil investigam a morte.

Em 27 de novembro, a assessoria do Ministério Público da Bahia informou, por meio de nota, “que acompanha com rigor as investigações do caso, que correm sob sigilo”. O MP sinalizou que o inquérito policial estava em andamento de forma regular e o “prazo para conclusão da investigação foi estendido com o objetivo de que sejam exauridas todas as diligências investigativas necessárias para produção de provas técnicas”.

O sepultamento do corpo de Welson foi marcado por homenagens e indignação por parte de colegas e parentes diante da morte. Dois dias após o óbito, em 11 de julho, eles saíram em carreata, pedindo justiça pelo trabalhador. O grupo foi recebido pela Corregedoria da Polícia Militar, ocasião em que cobrou celeridade nas investigações.

Welson era natural de Ipirá, a cerca de 100 km de Salvador, mas morava na capital baiana há anos. Há 12 anos, prestava serviços terceirizados para a Embasa.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp