A Polícia Federal (PF) está realizando a Operação Iceberg, que tem como objetivo desarticular um grupo de traficantes investigado por esconder cocaína em cargas de alimentos congelados exportadas de Santa Catarina para o exterior. A operação cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão em três estados, sendo eles Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Estima-se que o grupo movimentou cerca de R$ 450 milhões em três anos, através de atividades ilegais.
As investigações tiveram início após a apreensão de três cargas de cocaína em países africanos, onde a droga estava escondida entre remessas de frango congelado exportadas a partir do porto de Itapoá, em Santa Catarina. O grupo investigado utilizava empresas de logística como fachada para ocultar a droga, tendo acesso a informações privilegiadas sobre o transporte de cargas, dados de embarcações e número de contêineres, possibilitando a realização do tráfico de entorpecentes.
Segundo a PF, o núcleo financeiro do grupo realizava os pagamentos dos envolvidos nos serviços ilícitos por meio de empresas de fachada, resultando em uma movimentação bancária de aproximadamente R$ 450 milhões entre 2022 e 2024. As empresas exportadoras e importadoras legítimas não tinham conhecimento da atividade criminosa, gerando prejuízos milionários e interrupção de negócios com países africanos devido à contaminação das cargas de alimentos congelados com drogas.
Os investigados responderão por tráfico de drogas, associação para o tráfico, financiamento ao tráfico e lavagem de dinheiro, com penas que variam de 3 a 20 anos de reclusão. A Operação Iceberg revelou a complexidade do esquema de tráfico de entorpecentes envolvendo cargas de congelados, com a participação de cooptadores, operadores financeiros e financiadores das atividades ilegais. A Justiça Federal autorizou o sequestro de veículos, imóveis e o bloqueio de contas bancárias vinculadas a 17 pessoas físicas e jurídicas relacionadas ao caso.
A ação criminosa levou à detenção de representantes de uma importadora da Líbia, que foram inicialmente suspeitos de tráfico internacional e chegaram a enfrentar o risco de prisão perpétua. Após a intervenção da Polícia Federal, esclarecendo a situação à Justiça local, os suspeitos foram liberados. A operação visa desmantelar uma organização criminosa especializada em utilizar a exportação de alimentos congelados como meio para o transporte de substâncias ilícitas, trazendo à tona a necessidade de combater esse tipo de crime de forma efetiva.
