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Operação Necandi: delegado e servidores são acusados de envolvimento em quadrilha com “departamento de homicídios”

Última atualização 01/06/2017 | 08:32

O desenrolar da operação Necandi, deflagrada ontem (30) pela Polícia Civil através da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), revelou o esquema de uma complexa associação criminosa que atuava em Goiás e cidades do interior. Entre os envolvidos na quadrilha, que tinha até “departamento de homicídio”, estão um delegado recém-aposentado, escrivães de polícia e uma servidora comissionada do Detran-GO.

“Duas situações chamam a atenção: primeiro pela organização do grupo, já que existem funções estritamente delineadas, e a frieza com que os suspeitos executam suas vítimas”, explica o delegado Danilo Proto, referindo-se, primeiramente, ao “departamento de homicídio” e a execução de membros da organização, entre eles um dos sócios. O homem, identificado como Alexandre Ribeiro Borges, era líder do grupo juntamente com Vinicius de Andrade Borges. Segundo a polícia, a suspeita é de que o próprio Vinicius tenha assassinado o parceiro para assumir a liderança da quadrilha sozinho.

A atuação do grupo iniciava com furto de carros em Goiânia ou fora do Estado. Os dados dos automóveis, de maioria da marca Renault (o que chamou a atenção dos agentes), eram adulterados por veículos semelhantes com a ajuda de uma servidora do Dentran-GO (ela também é investigada por ceder a conta bancária para movimentações do grupo), geralmente na cidade de Goianira. Em seguida, os carros, avaliados na média de R$ 30 mil, eram levados ao Pará e trocados por carregamentos de madeira clandestina, vendida em Goiás pelo dobro do valor conseguido com os veículos roubados.

Ontem, a polícia cumpriu 8 mandados de prisão, 15 de busca e apreensão e 2 de condução coercitiva.Duas pessoas continuam foragidas. Entre os envolvidos, está o delegado aposentado Eduardo Galieta, acusado de coagir uma das testemunhas que procuraram a delegacia para oferecer denúncia contra a organização criminosa. Segundo Danilo Proto, os escrivães compartilharam informações privilegiadas com bandidos sobre o boletim de ocorrência, que resultou na operação Necandi, e o delegado Galieta tentou dissuadir a testemunha a prestar depoimento.

Conforme as investigações, os criminosos levavam um padrão de vida elevado: além de imóveis caros e viagens, a polícia apreendeu vários veículos de luxo. Embora o prejuízo ainda não tenha sido calculado pela DIH, a estimativa é que o grupo tenha faturado pelo menos três milhões de reais no Estado.