Operação Overclean: PF identifica mais de cem envolvidos em desvios milionários e mira contratos corruptos com emendas parlamentares

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A Polícia Federal (PF) já identificou mais de cem pessoas envolvidas em desvios de contratos milionários, financiados em sua maioria com emendas parlamentares, que são alvos da operação Overclean. De acordo com o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, a terceira fase da operação recebeu autorização com base nessa identificação de envolvidos. Planilhas com codinomes mencionados em propinas foram encontradas durante buscas e apreensões realizadas em um avião que viajava de Salvador até Brasília em 3 de dezembro de 2024.

Alex Parente e Lucas Lobão, apontados como lideranças do grupo investigado na Overclean, estavam na aeronave apreendida com R$ 1,5 milhão e documentos referentes à “contabilidade clandestina”, conforme classificação da PF. Na decisão do ministro Kassio Nunes Marques, é destacado que o policial federal que fazia parte do grupo criminoso teria informado sobre uma diligência sigilosa na casa de Lucas Lobão, o que levou o grupo a tentar mover dinheiro e documentos para um local seguro prompt.

A investigação sobre desvios milionários em contratos com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), estados e municípios levou à segunda fase da Overclean, resultando na prisão de um policial federal, do vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA), do secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista (BA) e de um operador do grupo. Os quatro foram soltos dias depois, mas aparecem em anotações e documentos apreendidos no avião onde a PF descobriu o montante de R$ 1,5 milhão.

A análise preliminar do material apreendido apontou para um controle informal de pagamento de propinas, conforme destacado pela PF. A nova fase da operação foi desencadeada após a suspeita de envolvimento do deputado Elmar Nascimento no esquema, o que levou o caso ao STF. Conversas apreendidas nos celulares, dados do Coaf, depoimentos e interceptações telefônicas foram utilizados pelos investigadores para avançar na apuração dos desvios e do envolvimento de mais pessoas em esquemas corruptos.

A operação Overclean mira contratos milionários de empresas ligadas aos irmãos Alex e Fabio Parente, inclusive com órgãos federais, estaduais e municipais. Uma das empresas envolvidas, a Allpha Pavimentações, recebeu R$ 67 milhões do governo federal através do DNOCS em contratos assinados entre 2021 e 2024. A verba utilizada nos pagamentos, segundo dados do Portal da Transparência do governo federal, tem origem no chamado orçamento secreto, sendo alvo de ação controlada da PF.

Após análise das informações obtidas no avião apreendido em dezembro de 2024, cruzadas com dados de investigações anteriores, a PF iniciou a segunda fase da Overclean em 23 de dezembro, expandindo o foco para contratos milionários envolvendo entidades públicas. A entrada do caso no STF apoia-se em indícios de participação do deputado Elmar Nascimento no esquema criminoso. A amplitude das investigações reforça a gravidade dos desvios e a complexidade da teia de corrupção que envolve diversos setores e agentes públicos.

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