Seis pessoas foram presas durante a operação Jogada Marcada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás para desarticular uma organização criminosa envolvida na manipulação de resultados em partidas de futebol. A ação ocorreu simultaneamente em seis estados e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão. Entre os detidos estão dois ex-jogadores, um ex-presidente de clube, dois aliciadores e um árbitro ligado à Federação Paraibana de Futebol.
As investigações, conduzidas pelo Grupo Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), começaram em 2023, a partir de uma denúncia do presidente do Goianésia Esporte Clube, Marco Antônio Maia. Segundo a polícia, Maia foi procurado por um aliciador que ofereceu até R$ 1 milhão para que o clube manipulasse partidas da Série D do Campeonato Brasileiro. A proposta incluía o pagamento de R$ 300 mil ao dirigente como comissão.
De acordo com o delegado Eduardo Gomes, os suspeitos utilizavam grupos em aplicativos de mensagens para coordenar os esquemas. Um dos grupos, inclusive, levava o nome “Arbitragem da Propina”. A quadrilha atuava de forma estruturada, com três núcleos principais: o financeiro, que providenciava os valores para os subornos; o intermediário, responsável por abordar atletas e dirigentes; e o executivo, formado por jogadores, técnicos e árbitros que executavam os resultados previamente acertados.
As provas reunidas pela polícia incluem trocas de mensagens, ligações telefônicas e transferências bancárias. Um dos clubes investigados é o Crato, do Ceará, que já havia sido punido com exclusão de competição por derrotas suspeitas. Agora, o ex-presidente da equipe poderá ser responsabilizado criminalmente.
Segundo a apuração, o esquema movimentou ao menos R$ 11 milhões em apostas manipuladas. Parte dos valores foi repassada diretamente a jogadores, inclusive a um atleta brasileiro que atualmente joga no exterior e que, segundo a investigação, teria mantido contato com colegas que atuam nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro.
Em um dos episódios, o grupo perdeu R$ 100 mil em uma aposta feita em um jogo da liga equatoriana. Eles esperavam que a equipe perdesse por três gols de diferença, mas o placar não saiu como o planejado.
A investigação aponta que os alvos principais eram clubes com menor estrutura financeira, geralmente das divisões de base dos campeonatos estaduais ou da Série B, o que facilitava o aliciamento de dirigentes e atletas. Celulares, documentos e anotações foram apreendidos e agora serão cruzados com dados bancários e informações de plataformas de apostas. Um dos suspeitos segue foragido, e as investigações continuam.