Operação Tira-Teima investiga esquema de pagamento de propinas

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Tira-Teima, que investiga pagamentos de vantagens indevidas que o Grupo Hypera Pharma, novo nome da Hypermarcas, teria pago a políticos ligados ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, do MDB, para obter benefícios.

Cerca de 40 policiais federais cumpriram 8 mandados de busca e apreensão, expedidos pelos Ministros Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, em São Paulo/SP, Goiânia/GO e Fortaleza/CE. A finalidade das medidas era buscar documentos e outros elementos de aprofundamento da investigação, considerando a notícia de doações de campanha abalizadas através de contratos fictícios. A operação é decorrente de delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas Nelson Mello.

Ao ser ouvido sobre o pagamento de propinas em 2016, o ex-diretor do grupo Hypermarcas disse que pagou R$ 30 milhões  a dois lobistas com trânsito no Congresso. O dinheiro seria para pagar propinas milionárias para senadores do então PMDB, entre eles, para o presidente do Congresso Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM).

Em nota, o grupo Hypera Pharma disse que a operação da Polícia Federal ocorreu no escritório da companhia em São Paulo, “para colher documentos relacionados à colaboração do ex-diretor de Relações Institucionais da Companhia, Nelson Mello. A Companhia reitera que não é alvo de nenhum procedimento investigativo, nem se beneficiou de quaisquer atos praticados isoladamente pelo ex-executivo, conforme já relatado ao longo do ano de 2016 em vários comunicados”. Os citados na delação de Nelson Mello disseram que não sabiam do teor das denúncias do ex-diretor do Hypera Pharma.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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