Órgãos da justiça de Goiás se posicionam contra PEC 5/2021

Se for aprovado, a PEC 5/2021 dará mais poder ao Congresso Nacional na formatação do CNMP e dá a este órgão a prerrogativa de revisar atuações como ajuizamento de ações penais, ações civis públicas, representações eleitorais, entre outras.

Está tramitando na Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda à Constituição nº 5, de 2021 (PEC 5/2021), que tem o objetivo de alterar vários dispositivos da Constituição Federal relacionados à composição e às funções do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), bem como Ministério Público Federal (MPF) em Goiás e associações, não aprovaram o texto. De acordo com as instituições, as mudanças acabam por interferir de forma direta na atuação finalística dos membros de cada ramo do Ministério Público e na democracia interna das respectivas instituições.

Se aprovada, a PEC 5/2021 confere mais poder ao Congresso Nacional na formatação do CNMP. Dessa maneira, dá ao órgão a prerrogativa de revisar atuações próprias dos cargos do Ministério Público. Entre as revisões, estão ajuizamento de ações penais, ações civis públicas, representações eleitorais, por exemplo.

O texto também impacta na formação democrática dos conselhos superiores das instituições. Neles, a maior parcela de composição se dá pelo voto dos membros, conferindo, assim, poderes praticamente ilimitados a cada procurador-geral.

Ponto de vista

O procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi, opinou sobre PEC. “Causa verdadeiro retrocesso ao implementar o controle político das ações do Ministério Público, retirando-lhe a necessária independência para que atue em favor da sociedade”.

Para a procuradora-chefe da Procuradoria da República em Goiás (PR/GO), Léa Batista de Oliveira, a PEC 5/2021 ataca a independência do Ministério Público. Segundo ela, tal independência é essencial à Democracia.

“É fundamental que os membros do Ministério Público gozem de independência para cumprir seu papel constitucional, combater a corrupção, investigar o crime organizado e lutar pela garantia dos direitos fundamentais”.

O procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 18ª Região (PRT18), Alpiniano do Prado Lopes também avaliou a situação. “Sem Ministério Público forte e independente não há garantia do Estado Democrático de Direito e se instala a ditadura dos descumpridores da lei. A quem aproveita esse estado de coisas que está sendo instituído com a Emenda 5?”.

Leia aqui a nota Técnica da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) sobre a PEC 5/2021.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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