Deputados do PL, como Domingos Sávio (MG) e Alberto Fraga (DF), coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, criticaram as decisões de Hugo Motta em relação a Derrite. A pressão governista não foi o fator determinante para o recuo de Motta e Derrite, mas sim o posicionamento da oposição política. Por que Motta não considerou o histórico duvidoso de Derrite à frente da segurança de São Paulo antes de sua escolha como referência nacional?
A atuação de Derrite como secretário resultou em aumento da letalidade policial e recordes de feminicídios no estado. Operações como Escudo e Verão, com mais de 80 mortes, levantaram críticas por possíveis execuções sumárias. A falta de integração entre as forças policiais e a redução do uso de armas não letais também geraram questionamentos.
O especialista Leonardo Silva destacou a postura baseada na força em São Paulo, enfraquecendo a ouvidoria e a corregedoria. Apesar disso, a operação Carbono Oculto, com apoio da Secretaria de Segurança e órgãos federais, foi um sucesso no combate ao crime. Entretanto, erros iniciais de Derrite, como menosprezar a Polícia Federal e a desarticulação das forças policiais, geraram críticas e pedidos de revisão.
As ações de Motta na escolha de secretários de Segurança não são apenas técnicas, mas carregam peso político ao favorecer o aumento do poder da polícia em detrimento da investigação da letalidade policial. A falta de debate técnico e o foco em penas mais severas sem considerar o sistema penitenciário são pontos levantados por Rodrigo Azevedo, do FBSP. A polarização e a pirotecnia no debate também são mencionadas, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais pragmática e menos emotiva.
A urgência em criar um plano nacional contra o crime organizado é justificável, mas não deve se basear em pressões eleitorais ou respostas imediatas a tragédias como a do Rio. O país precisa de um projeto de segurança de longo prazo, com inteligência e foco na prevenção, não em reações violentas. A população deseja investigações eficazes e não apenas ações punitivas. O embate entre um Brasil violento e um Brasil consciente precisa evoluir para um debate mais profundo sobre estratégias de segurança e justiça.




