Os looks exuberantes de Gaby Amarantos nos palcos: como eles foram criados?

No The Town, Gaby surgiu como cobra com um feixe de laser na cabeça. No Amazônia Live, ela apareceu com roupa cheia de babados e cristais. Estilista e cantora explicam looks.

Os figurinos que Gaby Amarantos levou recentemente aos palcos do The Town e do Amazônia Live não foram apenas roupas, mas performances em si. Eles nasceram de meses de trabalho manual, em processos coletivos que envolveram estilistas, artesãos, ferreiros e milhares de cristais colados a mão. Cada peça foi feita para a artista e carrega histórias que vão além da música.

No The Town, Gaby surgiu como uma cobra. A máscara emitia um feixe de luz verde que atravessava a plateia, enquanto ela cantava “Ex Mai Love” e músicas de Rock Doido, seu mais recente disco. “A gente trouxe a lenda da Boiuna, a cobra grande, que é uma lenda muito popular aqui no estado do Pará”, ela conta ao DE.

“A Boiuna é uma cobra que reza a lenda, tem seu corpo enterrado e embaixo da cidade, sua cabeça fica localizada embaixo da igreja da Sé. O seu corpo se estende, atravessando toda a cidade de Belém até chegar na Basílica de Nazaré, a ponta de seu rabo, interligando as duas igrejas. E dizem que quando a gente sente que a cidade treme o chão, é porque a cobra tá se movimentando, está saindo para dar uma volta no rio Guamá e voltar ao seu lugar.”

Joelma e Gaby Amarantos cantam juntas o hit “Ex Mai Love”

Segundo a cantora, o peso da cabeça era justificado. “Tinha a tecnologia do laser saindo dos olhos e aí eu tinha que equilibrar esse laser de última geração. Não é desses que queimam a câmera do celular.”

Já no Amazônia Live, o caminho foi ainda mais coletivo. A cantora apareceu com um look em crochê manual, cheio de babados coloridos e aplicações de cristais Swarovski. A criação foi assinada pelo estilista Gustavo Silvestre, que conduziu o processo de um projeto social que ele já mantém.

Segundo o estilista Bruno Pimentel, o look do The Town foi feito por cerca de 20 pessoas. “Foi um trabalho manual de aplicação de bordados, pedrarias e crochê. Desde a pessoa que fez o crochê, bordou, o ferreiro que montou a estrutura da cobra, a elétrica do lasee”, conta Pimentel.

Gaby Amarantos canta no Amazônia Live

“O look do Amazônia talvez tenha envolvido ainda mais pessoas”, ele comentou. “Porque o estilista Gustavo Silvestre, que fez a roupa, ministra workshops de crochê para homens sentenciados, dentro da penitenciária. E o crochê de metal foi feito pelo Ponto Firme. Logo, foi feito por várias mãos. Sem contar a equipe da Swarovski, que fez uma movimentação gigantesca para trazer, de fora do país, uma quantidade enorme de cristais.”

O destino das peças ainda está em aberto. “Foram desenvolvidas exclusivamente para ela. Cada uma conta uma história e essas histórias fazem parte da Gaby. Existem projetos para esses looks, mas são para o futuro”, afirma.

Ao pensar nas próximas produções, o estilista resume o que considera essencial. “O que eu mais penso é em deixá-la feliz e surpresa”, garante. “Durante muito tempo, as pessoas (não só as da moda) não souberam lidar com essa exuberância e maximalismo da Gaby. As suas ideias vão além de um tecido. O meu trabalho é conseguir acompanhar a mente dela e fazer tudo virar realidade. E o que nunca pode faltar é um bom acabamento.”