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Outubro Rosa: diagnóstico precoce do câncer de mama é o melhor tratamento

A data de 19 de outubro é o Dia Internacional do Combate ao Câncer de Mama e dá origem à campanha Outubro Rosa. Surgida nos Estados Unidos nos anos 90 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, a campanha foi instituída no Brasil somente em 2018, pela Lei nº 13.733.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais frequente em mulheres, depois dos tumores de pele não melanoma, no Brasil. Para 2022, foram estimados 66.280 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres.

Causas

Leonardo Ribeiro (Foto: Arquivo pessoal)

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia em Goiás (SBM-GO), Leonardo Ribeiro Soares, explicou, com exclusividade para o Diário do Estado (DE), que o câncer de mama é uma doença que pode surgir por diversos fatores.

“Muitas vezes nós nem conseguimos identificar qual o fator de cada paciente, mas de uma forma geral, o próprio envelhecimento pode gerar essa predisposição, radiação, tabagismo, álcool, alguns vírus como HPV para o câncer de útero. No caso do câncer de mama, o fator genético é um dos principais, além desses outros fatores ambientais que sempre são importantes”, discorre o médico.

Leonardo cita ainda o aparecimento de nódulo ou caroço como um dos principais sintomas da doença. “Geralmente é um nódulo que não dói, ao contrário do que muita gente acha até hoje. Mas também podemos ter retração do mamilo, algum afundamento na pele, alterações na pele do mamilo e até mesmo uma secreção, um líquido saindo pelo mamilo, principalmente se essa secreção for vermelha ou sanguinolenta”, afirma.

O médico mastologista Rogério Bizinoto explica ao DE que o ideal é descobrir a doença antes de ter sintomas e, por isso, o exame preventivo é essencial.

“O câncer de mama tem um crescimento, uma progressão lenta, então para ele chegar a dar sintomas geralmente já tem algum tempo. Alguns estudos mostram dois, três anos entre o aparecimento da doença e a pessoa perceber um nódulo. Por isso que os exames de rastreamento, a mamografia a partir dos 40 anos, devem ser feitos em qualquer mulher a partir dessa idade, mesmo que ela não sinta nada”, esclarece.

Câncer de mama em homens

Apesar de muito raro, homens também podem ter câncer de mama, por também terem glândula mamária rudimentar. “A incidência é extremamente baixa, em torno de 0,5% a 1% de todos os casos de câncer de mama. Por isso, não existe uma necessidade de rastreamento, o homem não precisa fazer exames. Os homens têm mamas muito pequenas e o nódulo, geralmente, dá sintoma precoce, então o diagnóstico mais comum é feito a partir de nódulo que é palpável, mas é realmente bastante incomum”, explica Bizinoto.

Diferenças entre tumor e câncer

Rogério Bizinoto (Foto: Arquivo pessoal)

Rogério Bizinoto diferencia ainda o que é chamado de tumor e o que é câncer. Tumor é o termo para se referir a uma caroço identificado na mama que pode ser benigno ou maligno. “Você pode ter o tumor, o nódulo que é benigno, ou seja, ele não é câncer de mama, e você pode ter o tumor ou nódulo maligno, esse é o câncer de mama. Então, a partir do momento que eu uso o termo câncer, eu já estou dizendo que ele é maligno”, conta.

Sobre as características do tumor benigno e maligno, o mastologista Régis Paulinelli explica que o benigno, além de não causar prejuízos para a paciente, seu crescimento tem um limite. “O tumor benigno é uma neoplasia, é uma célula que também tem defeitos e vai começar a se multiplicar, mas é autolimitado, ele atinge um determinado tamanho e para de crescer e nunca vai causar nenhum tipo de problema para mulher na maioria das vezes”, afirma.

No sentido contrário, o tumor maligno, o câncer propriamente, não para de crescer. “O câncer de mama é um tumor também como outro, só que ele não tem um um final na multiplicação. Ele começa a se multiplicar de forma descontrolada e, depois, começa a se espalhar para outros órgãos e leva a pessoa à morte”, esclarece Paulinelli.

Como prevenir?

Régis Paulinelli (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de ser uma doença multifatorial, Paulinelli explica que algumas mudanças de hábito podem prevenir o surgimento do câncer de mama. “Hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, atividade física regular, controle de peso, evitar bebida alcoólica. É importante fazer o autoexame, fazer a mamografia que vai reduzir muito a chance de mortalidade por câncer de mama, pois o diagnóstico precoce aumenta a chance de cura e, por isso, é tão importante procurar mastologista anualmente a partir dos 40 anos”, diz.

Tratamento

Os três especialistas afirmam que o tratamento mais comum é a cirurgia. O vice-presidente da SBM-GO, Leonardo Ribeiro, cita que existe a quimioterapia, a radioterapia e a hormonioterapia. “Não existe um que é mais agressivo do que o outro ou um que seja melhor do que o outro. Na verdade essa escolha entre cada uma dessas terapias é uma escolha individualizada para cada mulher. Então, cada paciente vai realizar de acordo com a idade, de acordo com o tipo de tumor, de acordo com o volume da mama, com o tamanho da mama”, comenta.

Rogério Bizinoto afirma que o tratamento é multiprofissional. “De um modo geral, a paciente sempre vai fazer cirurgia, então a cirurgia está presente em 99% dos tratamentos do câncer de mama”, afirma. Ratificando Bizinoto, o Régis Paulinelli afirma que o principal tratamento do câncer de mama é a cirurgia.

“Não existe nenhum caso de câncer de mama que cure sem cirurgia. 80% das mulheres vão ficar curadas do câncer de mama por causa da cirurgia e 20% vão ser curadas de forma adicional com associação de outros tratamentos. Pode ser feito uma quimioterapia, que são medicamentos que são feitos na veia ou através de comprimidos, que vão agir no corpo inteiro e que vão matar as células do tumor ou evitar com que elas se multipliquem. E (há também) a hormonioterapia, que são comprimidos que são feitos ou também tem forma de medicamentos que vão bloquear a multiplicação tumoral e também são muito importantes na chance de cura do câncer de mama”, revela.

Importância do Outubro Rosa

Quanto à importância e efetividade da campanha Outubro Rosa, os especialistas afirmam que tal iniciativa é essencial para lembrar as mulheres da necessidade de exames de rotina. “Felizmente, a campanha tem sido vitoriosa e nós já temos pesquisas mostrando que a campanha aumenta a procura por mamografias, a procura pelo tema no Google e provavelmente também tem impacto na detecção do câncer de mama, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, declara Leonardo Ribeiro.

Bizinoto afirma que a campanha é importante, visto que o câncer de mama é a doença que mais mata mulheres entre 40 a 59 anos, no Brasil. “A taxa de cura está muito relacionada ao momento do diagnóstico. Então, as campanhas são muito importantes porque ajudam a lembrar da importância do diagnóstico precoce, especialmente em Goiânia. Nós vivemos uma situação peculiar, a cobertura de mamografia aqui é uma cobertura bastante razoável, nós temos um número de equipamentos suficientes para a população, o que falta é a procura da população muitas vezes”, declara.

O mastologista Régis Paulinelli ressalta que o Outubro Rosa ajuda no rastreamento da doença e que o ideal é que 70% das mulheres fizessem a mamografia anualmente, mas apenas 30% realizam o exame regularmente no Brasil. “Nessa época, as mulheres lembram da importância de fazer a mamografia. Geralmente, procuram essa época para fazer e isso vai ter uma grande importância no diagnóstico do câncer de mama no Brasil, já que não existe um rastreamento do câncer de mama sistematizado”, conclui.