Camila Egle tinha acabado de entrar para o curso de medicina na Universidade Buenos Aires (UBA), quando foi diagnosticada com câncer de mama. O diagnóstico não foi uma surpresa para Camila, uma vez que sua mãe, tia, avó materna e tia-avó paterna também haviam passado pelo mesmo tratamento oncológico. Assim começa sua história como ativista e influenciadora na campanha do Outubro rosa.
“Quando eu fui diagnosticada não foi tão pesado como é para as outras pessoas. Eu já esperava que isso pudesse acontecer, o que eu não esperava era que acontecesse comigo tão nova. Fui diagnosticada com 29 anos, tinha acabado de começar a faculdade de medicina na UBA, em Buenos Aires”.
Camila conta que após o diagnóstico, interrompeu a faculdade e voltou à Goiânia para fazer o tratamento e ficar perto de sua família. O tratamento quimioterápico foi todo custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e por ser um tumor agressivo, Camila começou o tratamento logo após o diagnóstico. “Eram horas de espera, as vezes 10h de espera para uma consulta. É um pouco precário e cansativo em relação ao bem estar do paciente”, afirma Camila.
Dificuldades durante o tratamento
A universitária classifica o tratamento como “pesado”. “Ele destrói o físico da gente, a saúde mental. Eu fiquei muito debilitada”, afirma Camila. De acordo com a estudante, o apoio da família foi muito importante e apesar do tratamento ter sido pelos SUS, ela teve acesso à remédios de enjoo e outros tratamentos custeados particularmente por seus familiares.
“Todo tratamento, além da quimioterapia, meus familiares pagaram, como psicólogos, terapeutas holísticos, psiquiatra, terapias alternativas e exames específicos, como o de mapeamento genético. Algumas amigas também me presentearam com terapias alternativas. Também participei de um projeto do CREMIC em parceria com a ISIONCO com mais terapias alternativas, como yoga, reiki, auriculoterapia, arteterapia e musicoterapia. Comparado à outras pessoas que tratam câncer pelo SUS, meu tratamento não foi tão pesado assim. Meu diagnóstico foi precoce, senti o nódulo pelo auto-exame e toda essa rede de apoio foi fundamental para o sucesso do tratamento e consequente cura do câncer”.
O tratamento acabou, mas algumas sequelas ficaram. “Eu colho os efeitos colaterais até hoje. A quimioterapia destrói seu corpo e deixa um pouco de sequelas. Tive Chemobrain*, que é um efeito colateral da quimioterapia, tenho amnésia, depressão e desenvolvi alguns pânicos, que ainda estou tratando, pode ser que dê, pode ser que não, depende do organismo de cada paciente. O tratamento de conservar a fertilidade, por exemplo, era uma pesquisa recente e não dava para saber se ia dar certo”.
Canal no youtube
Além disso, Camila também tem um canal no youtube, onde ajuda mulheres que não tem os mesmos acessos que ela teve. É engajada em vários projetos voltados para a saúde da mulher, como por exemplo o #manasetoca, que tem o intuito de conscientizar as mulheres, principalmente, do autocuidado, durante outubro rosa.
Ao lado da família, amigas e do namorado, Camila planeja ações com intuito financeiro e assim ajudar mais pessoas: “queremos arrecadar apoio financeiro para instituições que atendem pacientes oncológicos, esse ano estamos preparando kits com camisetas do projeto #manasetoca. A arte das camisetas foi feita por Thales Fernando, – POMB – que é designer de formação, mas artista urbano e ilustrador por vocação. Esperamos que o projeto #manasetoca possa alcançar mais pessoas, envolvendo todas as esferas da nossa sociedade”, afirma Camila.