Ovacionado, Lula assume governo federal para mandato de quatro anos e cinco dias

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O presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva tomou posse do cargo na tarde deste domingo, 1º de janeiro. Ele assumiu a gestão do governo federal para mandato de quatro anos e cinco dias, já que a cerimônia terá data alterada a partir de 2027. O evento é considerado histórico por diversos motivos: o petista é o único político a assumir a chefia do Executivo nacional pela terceira vez, os desdobramentos pós-segundo turno, a polarização em torno do nome dele e do ex-presidente Jair Bolsonaro e a escolha popular mesmo após a condenação em um processo judicial cheio de controvérsias jurídicas.

A cerimônia oficial começou com a saída do Rolls Royce transportando Lula e a primeira-dama Janja em carro aberto da Catedral de Brasília juntamente com o vice Geraldo Alckmin e a vice-primeira dama Lu Alckmin até o Congresso por volta das 14h30, onde foram recebidos pelos presidentes da Câmara e do Senado. Durante o trajeto, os quatro foram aclamados pela população. Eles fizeram o juramento à Constituição e assinaram o termo de posse, que o reconhece como presidente da República por ter recebido 50,8% dos votos válidos.

Lula quebrou o protocolo antes de assinar o documento com a caneta que recebeu como presente do governador do Piauí em 1989. Era a primeira corrida presidencial do petista, que conseguiu concretizar o sonho apenas em 2020. Ele havia perdido o objeto e, agora que o reencontrou, decidiu usá-la e relembrou a trajetória. No primeiro discurso como presidente oficialmente, ele disse que foi a democracia quem venceu as eleições. “Nunca os recursos dos Estado foram tão desvirtuados”, afirmou numa referência ao governo do antecessor Bolsonaro. Reconheceu a atuação do Judiciário, por meio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para prevalecer a vontade das urnas.

“Quero repetir meu compromisso diante do avanço da miséria e da fome que havíamos superado. […] Nossa homenagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. […] O resultado da nossa transmissão será enviada a cada deputado, a cada senador, a cada ministro das Suprema Corte, a cada ministro do do TSE, a o poder judiciário, a cada universidade,  a cada central sindical para que as pessoas saibam como encontramos esse país e cada um faça a sua avaliação”, afirmou.

Ele prometeu resgatar o Bolsa Família, se comprometeu a pôr fim à miséria e à fome, afirmou que a lei de acesso à informação será cumprida, os controles republicanos serão exercidos para benefício do povo. O petista disse que quem errou será punido, em conformidade com a lei.  O público de apoiadores interrompeu a fala do presidente diversas vezes com o coro “Lula!”. Segundo ele, assinará medidas importantes para o desenvolvimento do País, retomará o “Minha casa, Minha vida”, buscará gerar empregos, consultará obras paralisadas nos estados, impulsionará pequenas e médias empresas e  encurtará a fila do INSS.

Precauções

Por respeito às pessoas com autismo e aos animais, a primeira-dama optou por não seguir a tradição de salva de 21 tiros de canhão devido ao ruído. A segurança foi bastante reforçada com tecnologia, drone e reforço das forças policiais após cerca de sete ameaças de bomba na capital federal em apenas uma semana. Por isso, o público de 300 mil pessoas que compareceu à posse passou por revista. A equipe registrou apenas uma ocorrência. Um homem foi levado à delegacia por tentar entrar no gramado da Praça dos Três Poderes com fogos de artifício na mochila.

 

Eventos 

 

O protocolo inclui atividades até às 18h30. A partir das 19h30 está prevista uma recepção para autoridades e chefes de Estado no Palácio do Itamaraty. Ao menos 17 deles participaram do evento: os presidentes da Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, o rei da Espanha, presidente da Guiana, Guiné-Bissau, Paraguai, Portugal, Suriname, Timor Leste, Uruguai e Zimbábue.

 

Celebração com música

 

A população aproveita desde  às 11 h uma série de shows dentro do chamado Festival do Futuro. o evento de música deve animar o público em dois palcos com diversos shows e personalidades artísticas que incluem mais de 20 nomes. A última apresentação agendada é às 3h do dia 02 de janeiro com Valesca Popozuda.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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