Pacientes com câncer lutam contra veto de Bolsonaro ao tratamento oral

Uma forte mobilização popular tenta derrubar o veto que o presidente Jair Bolsonaro impôs ao projeto de lei que obrigaria os planos de saúde a cobrir despesas com medicamentos orais contra o câncer. Um abaixo-assinado, lançado pelo Instituto Vencer o Câncer (IVOC) na plataforma Change.org, já reúne quase 140 mil apoiadores na luta dos pacientes oncológicos.

Foram muitos anos de batalha para a construção do PL 6330/2019. Aprovado por unanimidade no Senado e por 398 votos favoráveis na Câmara, o projeto de lei foi vetado integralmente pelo presidente no último dia 27. A lei representava a esperança de os pacientes terem acesso a um tratamento alternativo e mais eficaz que a quimioterapia intravenosa.

Chamados de “quimio oral”, esses remédios permitem que o tratamento do câncer seja feito em casa e, segundo pontua o Instituto Vencer o Câncer, oferece maiores chances de cura e qualidade de vida. De acordo com o IVOC, mais de 120 mil pessoas poderiam ser beneficiadas pela nova lei – o dado considera a estimativa anual de novos pacientes com câncer e que possuem planos de saúde, sem contar aqueles que já estão tratando a doença.

O médico oncologista e cofundador do Instituto Vencer o Câncer, Fernando Maluf, explica que a terapia oral representa, atualmente, 70% dos tratamentos oncológicos e faz parte da luta contra os 20 tumores mais comuns. Segundo explica o médico, devido à demora na avaliação desses fármacos para inclusão no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), inúmeros pacientes têm seu quadro agravado e acabam morrendo neste intervalo.

Todos os anos, cerca de 250 mil pessoas morrem vítimas do câncer no Brasil e, atualmente, os planos de saúde são obrigados a cobrir o custo de apenas 58 remédios orais. Para Maluf,  é “inconcebível que o país seja o único do mundo que tenha dois peso e duas medidas por onde esse remédio vai entrar no corpo. Nenhum país do mundo tem essa regra”.

Apesar da perplexidade que a notícia da não aprovação da lei trouxe aos envolvidos nessa luta, instituições que integram o Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) se articulam para derrubar o veto presidencial e garantir o direito à quimio oral.

Quando decidiu pelo veto, o presidente Jair Bolsonaro alegou que a medida “comprometeria a sustentabilidade do mercado” e “criaria discrepâncias”. O presidente ainda informou ao Congresso que o alto custo dos antineoplásicos orais poderia comprometer a sustentabilidade do mercado de planos privados de assistência à saúde, o que, segundo ele,  acarretaria no repasse dos custos adicionais aos consumidores, encarecendo os planos.

Fernando Maluf afirma, porém, que as medicações orais representam um percentual muito pequeno para os convênios médicos e que oferecê-las nem sempre é mais caro. “Fala-se também em um ‘privilégio’ para pacientes oncológicos. Não se trata de privilégio, mas de dar acesso ao medicamento adequado em tempo hábil.

Não importa por qual via de administração”, defende o oncologista. Ele explica que quanto maior for a oferta desse tipo de medicamento, a tendência é que o preço caia. Além disso, quanto mais fármacos estiverem disponíveis, mais opções de tratamento os médicos poderão oferecer aos pacientes.

Fonte: Carta Capital

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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