O pedido de prisão do padre Robson de Oliveira deve ser analisado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) na semana que vem. A solicitação está na pauta de julgamento da próxima quarta (01/12). Se o ministro Benedito Gonçalves considerar plausíveis os fundamentos apresentados pela Polícia Federal (PF), o sacerdote será preso.
Padre Robson teve prisão preventiva solicitada em razão do desvio de R$100 milhões de doações de fiéis que teriam de ser utilizados para construir a Basílica do Pai Eterno, em Trindade (GO). Segundo apurações da PF, o sacerdote gastou o dinheiro comprando fazenda, imóvel na praia e um avião. Ele e mais quatro pessoas podem ser presas.
O advogado do padre, Cleber Lopes, informou à imprensa que não está preocupado em pedir um habeas corpus preventivo porque confia na apreciação justa do STJ. De acordo com ele, as provas do pedido de prisão são ilegais e antigas, de 2019. Por não terem nenhum fato novo, a restrição da liberdade do cliente não se justificaria.
Com esse argumento, ele pediu e teve concedida uma audiência com a assessoria do ministro Benedito Gonçalves na última segunda (22). Cleber pediu que antes da apreciação do pedido de prisão, o ministro considere a legalidade das provas obtidas pela PF, conforme agravo regimental interposto pela defesa há três meses.
“Se forem consideradas ilegais (as provas), não há razão jurídica para a decretação de uma prisão. A impressão que tenho é que vão deixar para examinar (o pedido de prisão) depois do julgamento deste agravo”, acredita o advogado.
Esquema de contratos
Ontem, quarta (24), foram divulgadas gravações do padre Robson burlando contratos de compras feitas pela Afipe em nome de terceiros para não ser preso. No vídeo, ele afirma que é chefe de uma quadrilha e diz temer pela sua prisão.
A declaração ocorreu em uma conversa com advogados dele registrada no próprio celular do religioso, que está sendo periciado pela polícia.
“Deixa um delegado meio doido começar a fazer pergunta pesada. Aí, gente, eu vou falar para vocês uma coisa. Isso aí é crime organizado. […] E eu sou o chefe da quadrilha”, declarou na gravação.
A reportagem do Diário do Estado tentou contato com o advogado do sacerdote, Cleber Lopes, porém não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Em nota, a assessoria da Afipe informou que nenhuma das pessoas citadas na gravação tem relação com a instituição.
Relembre
A investigação do padre Robson começou em 2019, quando o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) fez um pente fino nas contas da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), instituição que o sacerdote presidia.
As suspeitas sobre ele começara após a Operação Vendilhões, em agosto de 2020, na qual foi apurada uma extorsão do padre Robson por hackers. Eles teriam exigido dinheiro para não divulgarem um relacionamento amoroso do religioso, que pagou quase R$ 3 milhões oriundos da Afipe em troca do silêncio.
Além do desvio de dinheiro da construção da nova Basílica, o MP goiano identificou acordos de propina para desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). O valor pago aos desembargadores para regularizarem um processo de compra de fazenda pela Afipe seria de R$1,5 milhão. Com a descoberta, todo o processo do MP foi encaminhado para o STJ.