Pai de autista chora e pede investigação de influenciadora por divulgar vídeo preconceituoso 

influenciadora

Segue repercutindo o caso da influenciadora Larissa Rosa que gravou um vídeo criticando a disponibilidade de vagas preferenciais para autistas. Larissa estava com sua mãe, Vânia Rosa, que também riu da situação, saindo do estacionamento de um shopping em Goiânia quando postou as imagens zombando inclusive, do símbolo colorido que representa o autismo.

O vídeo publicado pela influenciadora Larissa ganhou repercussão nacional com matérias publicadas em vários veículos de comunicação. De acordo com o G1 Goiás, o responsável pela Delegacia de Proteção às Pessoas com Deficiência de Goiânia, Joaquim Adorno, contou nesta quinta-feira (16), que recebeu a ligação de um pai de uma criança autista indignado com a situação.

O delegado Joaquim Adorno declarou ainda à reportagem que o pai da criança exigia providências por parte da Polícia.

Outro delegado que falou sobre o caso foi Manoel Vanderic, da delegacia de Proteção a Pessoas com Deficiência de Anápolis. Apesar dos vídeos terem sido gravados em Goiânia, as duas influenciadoras que aparecem nas imagens moram em na cidade que fica a 50 km da capital.

Manoel Vanderic revelou que pais de autistas de Anápolis também já procuraram a delegacia, assim com instituições e associações que trabalham em defesa da causa.

“Procuraram a delegacia para registrar ocorrência. Foram muitos os pais que procuraram que foi preciso fazer uma seleção de seis pessoas para oitivas. O número é o suficiente para materializar os autos do processo. Tudo será encaminhado para Goiânia e caberá ao Judiciário definir pela sentença”, contou o delegado informando que Vania e Larissa também serão ouvidas na Delegacia em Anápolis.

Relembre

O vídeo com as chacotas sobre a reserva de vagas para autistas (veja no final da reportagem), viralizou na última terça-feira (14). Depois da repercussão negativa da postagem, o vídeo foi apagado do perfil de Larissa Rosa.

Entre as frases pejorativas utilizadas por Larissa estavam:

“A vaga é tão colorida que achei que era para veado. Vaga para mim nunca tem”.

Na gravação, ela também questiona quando seria liberada uma vaga para “gordo estressado”.

“Gente, olha isso aqui. Agora tem vaga exclusiva para autista. Cara, o mundo está muito difícil. Quero saber quando vai ter vaga para gordo estressado”.

Na sequência as duas mulheres foram até as suas redes sociais e postaram novos vídeos, dessa vez com pedidos de desculpas. Larissa é maquiadora em Anápolis e tem 36 mil seguidores em sua página do Instagram.
Incialmente ela disse:

“Gente, desculpa mesmo, de verdade. Nossa eu fiz uma piada muito ruim. Postei nos meus melhores amigos que tinham 18 pessoas. Desculpa. Uma brincadeira, muito ruim, péssima. Foi como se eu tivesse assim, sentada, na mesa da cozinha. Então eu não estava pensando no que eu estava falando, se tinha alguém envolvido”.

Em uma segunda postagem, a influenciadora voltou a pedir desculpa mas por meio de nota:

“Decidi vir, através dessa nota, pedir as mais sinceras desculpas pelos acontecimentos que estão repercutindo nas últimas horas. Me desesperei inicialmente com a repercussão da situação e com um bombardeio de mensagens revoltadas (com razão).

Agora, entendo que a forma que me senti com esse turbilhão ainda não chega perto do que muitas mães e outros grupos sentiram ao ouvir as palavras infelizes que pronunciei.

Refleti sobre toda a situação e quero me desculpar também por dizer se que tratou de uma brincadeira, feita exclusivamente em um grupo de melhores amigos com 18 pessoas. Isso também não justifica.

Minhas palavras não podem ser vistas como brincadeira e não deveriam ter sido ditas nem para mim mesma, imagine para um grupo de 18 pessoas. Acreditem, elas não me representam em nada.

Agradeço também às pessoas que, apesar de reprovarem a conduta e não terem nenhuma obrigação de me ensinarem nada, ainda tiraram um minuto do tempo delas para me enviar informações e materiais que me mostraram realidades diferentes das que eu já conheci.

Espero que essa infeliz situação um dia possa ser perdoada por quem se sentiu ofendido. Garanto também que, da minha parte, nunca mais vai se repetir.

Vania Rosa, mãe de Larissa, tem 75,5 mill seguidores e é professora de etiqueta em Anápolis. Em seu vídeo ela também pediu desculpas, disse que as pessoas erram, e que ela estaria admitindo sua falha.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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