O painel “O Impacto da Agenda Social” do 2º Encontro Agenda ESG 2025 reuniu três especialistas com experiências distintas em projetos sociais para debater os desafios e oportunidades da agenda social no contexto ESG.
Moderado pelo economista Gesner Oliveira e pela Gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna, Arminda Augusto, o debate contou com três perspectivas complementares: Neide Santos, representando a ponta executora dos projetos sociais; Rodrigo Alonso, co-fundador e diretor do Instituto Elos, que atua como ponte entre projetos e empresas; e Jefferson da Silva Junior, coordenador de sustentabilidade da Ecovias, representando o lado corporativo que apoia e financia iniciativas sociais.
Antes do painel principal, Neide Santos, fundadora do projeto Vida Corrida, da Capital, fez uma palestra inspiradora sobre sua trajetória pessoal e a evolução do projeto ao longo de quase três décadas. A apresentação serviu como contextualização para a conversa que se seguiria, mostrando na prática como um projeto social pode se consolidar e gerar impacto duradouro na comunidade.
Rodrigo Alonso, do Instituto Elos, iniciou sua trajetória quando estava na faculdade de arquitetura em Santos, inquieto com o fato de que se formaria para atender apenas cerca de 1% da população brasileira. Sua reflexão sobre como chegar onde a arquitetura não chegava o levou até áreas como a Zona Noroeste e a subida dos morros de Santos, sempre buscando resgatar a beleza que esses territórios possuíam.
Jefferson da Silva Junior, da Ecovias, abordou a importância de transformar projetos sociais em iniciativas longevas. Ele explicou que a Ecovias atua em um cenário muito diverso, com o sistema Anchieta-Imigrantes passando por diferentes ambientes, desde trechos de serra até áreas industriais em Cubatão.
Neide Santos, do Projeto Vida Corrida, compartilhou a filosofia do projeto que, em quase 30 anos, atendeu 5 mil pessoas, com algumas participando desde o início. O projeto começou apenas com mulheres que queriam praticar esportes e evoluiu para atender crianças da comunidade quando não havia creches suficientes.
Rodrigo Alonso enfatizou a importância da autenticidade no trabalho social, criticando a postura de quem mora em áreas privilegiadas e tenta impor soluções para comunidades vulneráveis sem conhecer suas reais necessidades.
Jefferson da Silva Junior abordou os processos de avaliação de projetos sociais nas empresas, destacando a importância da ética e do compliance nos projetos sociais. A questão da ética é fundamental para garantir que os projetos apoiados estejam alinhados com os valores organizacionais.
O painel revelou que o sucesso de projetos sociais no contexto ESG depende de fatores como escuta ativa das comunidades, planejamento de longo prazo, sustentabilidade financeira e alinhamento ético com os valores organizacionais. Os três especialistas concordaram que fazer o bem “bem feito” exige técnica, conhecimento e, principalmente, autenticidade nas relações com as comunidades atendidas. A discussão evidenciou que a agenda social do ESG vai muito além de ações pontuais de responsabilidade social, exigindo estratégias estruturadas, processos rigorosos de avaliação e comprometimento genuíno com a transformação social sustentável.