Pandemia deixa abrigos de animais lotados e sem recursos

Pandemia deixa abrigos de animais lotados e sem recursos

O número de animais abandonados cresceu significativamente, segundo informações da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA). As denúncias de maus-tratos também aumentaram nestes últimos dois anos, porém o órgão não tem números exatos. Com isso, abrigos e organizações sem fins lucrativos estão completamente lotados.

“Durante a pandemia a galera saiu abandonando os cachorros, acreditando que não daria conta de mantê-los. Teve muito mais abandono mesmo. Outros doaram os cachorros. Os abrigos estão todos lotados, ninguém está resgatando mais”, contou a protetora, Wisllaine Maciel Silva, de Goiânia.

Vale ressaltar, que abandono e violência contra animais são crimes passíveis, inclusive, de prisão. Anteriormente, o autor era conduzido até a delegacia, assinava um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e era liberado em seguida. Agora, ele permanece preso até uma audiência de custódia. Em casos de agressão, a multa varia de R$ 3 mil a R$ 5 mil por animal maltratado.

A protetora acredita que os abandonos ocorreram porque as pessoas tiveram que decidir entre alimentar os animais e alimentar a família. Este cenário só não foi ainda pior em razão de várias pessoas que vivam sozinhas, quando começaram os lockdowns, terem adotado um animal. Entretanto, com o retorno da ‘vida social’ Wisllaine acredita que possa haver nova onda de abandonos.

“Infelizmente, a grande maioria precisou escolher entre alimentar o filho e o cachorro, e elas escolheram o filho. Mas, muita gente adotou pets para não ficar sozinhos no home-office, e agora que estão voltando ao presencial e não sabem o que fazer. Provavelmente vai ser mais uma onda de abandono de animais. Eu rezo que não, e, para o bicho não ficar sozinho, que se adote mais um”, explicou a protetora.

Abrigos precisam de ajuda

Ainda de acordo com Wisllaine, muitos abrigos estão precisando de ajuda, já que neste período pandêmico, as doações são escassas.

“Muita gente deixou de ajudar os abrigos por medo de não ter para si próprio e eu não falo nem de moradia, é de não ter o que comer. Tem uma galera que adota uma conta X, com três pacotes de ração por mês ou algo assim, que não está fazendo. Tem muito abrigo precisando de ajuda”, contou Wisllaine.

Para custear tratamentos e a alimentação dos pets, alguns abrigos estão realizando ações via internet, para arrecadar dinheiro. O Projeto Salva, organização de voluntários que atuam no resgate de animais, realiza uma feijoada vegana mensalmente. Todo o valor arrecadado é destinado aos animais resgatados. Outros abrigos trabalham com a venda de materiais doados e rifas.

Feijoada Vegana – Projeto Salva

A internet também tem sido grande aliada dos abrigos. No Instagram, os protetores divulgam as ações, chaves pix para doações e também fotos dos animais que estão em busca de um lar.

Ambiente adequado

Wisllaine ressalta que os animais precisam, além de uma alimentação adequada, de um local limpo. E as doações para esse fim foram praticamente suspensas.

“A gente pensa muito em comida, em alimentar os animais, mas a limpeza do ambiente também é muito importante. Uma galera que fazia doação de material de limpeza não está mais fazendo e tem dias que eles limpam os abrigos só com água”, relatou a protetora.

Ainda de acordo com ela, em alguns abrigos os protetores conseguiram um segundo emprego e se revezam nos cuidados aos animais. E o salário é voltado exclusivamente para os abrigos.

Mais sobre os abandonos

De acordo com a protetora voluntária, Flávia Ribeiro, os abandonos de animais são recorrentes na Capital. As denúncias desses casos chegam, na maioria das vezes, via Instagram ou Whatsapp.

“O pessoal sabe que eu sou voluntária no Recanto dos Pit Bulls, aí quando aparecem eles me mandam. Acontece muito de as pessoas irem embora e deixarem os cachorros dentro de casa, passando fome e sede. Aí os vizinhos descobrem e denunciam. Acontece também de jogarem o cachorro na rua”, contou Flávia.

Em setembro de 2021, a voluntária participou do resgate de Spike. Ele foi abandonado pelo tutor. O homem se mudou e deixou o animal sem água e sem alimentos. Após ouvir latidos, que indicavam sofrimento, os vizinhos procuraram o Recanto dos Pit Bulls. Acompanhados da polícia, eles resgataram o animal.

Spike – Dia que foi regatado

“Ele estava em uma situação bem triste, todo sujo, magro…”, conta Flávia.

Spike atualmente / Foto: Arquivo pessoal Flávia Ribeiro

Caso Poly

A protetora Wisllaine, conta que adotou uma dos seus setes pets durante a pandemia. A cachorrinha Poly, da raça pinscher, foi resgatada prenha. De acordo com a protetora, ela tem traços de maus-tratos.

“Ela veio prenha e a gente não sabe nem de qual machinho, porque os filhotes dela são maiores que ela e peludos. Quando ela chegou pra gente, ela tinha medo de rodo, de vassoura, de chinelo, de gritos. Se uma gritasse com a outra, ela já começava a chorar. Então, provavelmente, ela vem de espancamentos anteriores e a gente tem trabalhado nisso. A última dona dela, a abandonou porque disse que ela não viajava. Mas, acho que levou porque não quis. Ela comia comida de gente, com todos os temperos que não podem. Foi uma novela para fazer ela comer ração”, explica.

Wisllaine continua. “Dai ela pegava a ração e levava lá pra fora para comer. Porque na casa antiga dela, se ela entrasse na casa ela apanhava. Um dia minha irmã chegou em casa fazendo farra e batendo os pés no chão e a Poly, deitou, colocou as patinhas na cabeça e começou a chorar. Minha mãe até hoje chora quando conta essa história. Porque a gente entendeu que ela estava dizendo que não precisava bater nela porque ela já estava sofrendo”. protetora.

Com 12 anos, idade considerada avançada, os filhotes de Poly tiveram que nascer de uma cesariana de emergência. Todos eles possuem problemas neurológicos, fruto de uma má formação e hoje vivem juntos e bem cuidados pela protetora e sua família.

Poly atualmente. Foto: Arquivo pessoal Wisllaine

 

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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