Para Caiado, reajuste da passagem no Entorno é injusto e não soluciona problema do transporte

O governador Ronaldo Caiado se posicionou contra o reajuste da passagem do transporte coletivo na região do Entorno do Distrito Federal, anunciado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), nesta sexta-feira, 11. O órgão do governo federal autorizou aumento de 15%, fazendo com que, a partir de domingo, 13, as passagens cheguem até a R$ 10,15, como no caso dos moradores de Santo Antônio do Descoberto.

“É uma medida que vai penalizar muito uma população trabalhadora e não resolve o problema estrutural do transporte coletivo na região. Se não buscarmos uma forma sustentável de subsidiar o serviço, como fizemos em Goiânia, o sistema vai colapsar no Entorno”, aponta Caiado, lembrando que diversos centros urbanos no Brasil e em outros países têm buscado soluções semelhantes. “Grande parte da mão de obra de Brasília vive nos municípios goianos vizinhos e esses trabalhadores vão pagar tarifas muito pesadas para um serviço que não tem qualidade. São trabalhadores que muitas vezes ganham apenas um salário mínimo e deixarão quase metade do vencimento só no transporte. É injusto”, acrescenta.

A responsabilidade sobre o transporte coletivo na região é da União, por meio da ANTT. Desde o ano passado Caiado tem buscado, junto ao governo federal e ao governo do DF, um acordo para que seja criado um consórcio interfederativo que subsidie parcialmente o valor da passagem, impedindo reajustes e permitindo investimentos na modernização do sistema. A exemplo do que o Governo de Goiás fez com o transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia, atendendo 18 municípios.

O modelo de subsídio compartilhado criado por Caiado na Grande Goiânia garante a manutenção da tarifa em R$ 4,30 desde 2019, e a concessão de benefícios como Meia Tarifa e Cartão Família. O que resultou num crescimento do número de clientes do sistema de transporte, que vinha caindo vertiginosamente há mais de uma década. No caso do Entorno, a proposta do governo de Goiás é criar uma comissão para calcular a chamada “tarifa técnica”, na qual se aplica o subsídio, e, consequentemente, o preço final pago pelo usuário. A medida deve beneficiar mais de 175 mil pessoas.

A criação do Consórcio Interfederativo da Região do Entorno do Distrito Federal (DF) foi o projeto mais votado na categoria “Integração e Desenvolvimento Regional” do Brasil Participativo, para inclusão no Plano Plurianual (PPA) – que define as prioridades de investimentos do governo federal até 2027. A votação popular garantiu o primeiro lugar na disputa entre mais de 100 projetos da categoria, numa ação virtual que contou com o engajamento pessoal de Caiado.

Em fevereiro, o governador goiano conseguiu suspender um reajuste de 40% previsto pela ANTT, após conversa com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). No entanto, a agência de transporte já havia sinalizado que pretendia levar adiante o aumento.

O governo de Goiás também conseguiu incluir como prioridade no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, a extensão do BRT que está em construção no DF e vai até Santa Maria. O projeto é levar o BRT até Luziânia, passando por Valparaíso, para atender um contingente populacional em torno de 500 mil pessoas.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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