A Secretaria Estadual de Saúde (SES) estuda retirar a obrigatoriedade do uso de máscara facial ao ar livre em Goiás. Caso isso se confirme, a nova portaria deve ser divulgada em cerca de 15 dias, como forma de aguardar o impacto do carnaval nos números da pandemia. Especialistas apontam que o momento é de queda no número de casos, mas defendem cautela na decisão sobre abrir mão da máscara e alertam para a importância da dose de reforço contra a Covid-19.
Segundo o pneumologista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcelo Rabahi, 15 dias é o período necessário para observar o aparecimento de novos casos depois de épocas com maior aglomeração, como o Carnaval.
“Já havia uma tendência de queda dos casos graves e se isso se solidificar mesmo após esta aglomeração [do carnaval], pode ser que o avanço da vacinação esteja realmente controlando a epidemia e isso poderia sinalizar abertura para esta medida [de retirar obrigatoriedade da máscara ao ar livre]. Mas, é importante ter cautela”, comenta.
Alerta
Uma equipe de especialistas da Universidade Federal de Goiás fez modelos de projeção do número de casos da Covid-19 no estado. No entanto, nas últimas semanas, o trabalho foi dificultado pelo apagão de informações provocado por falhas no sistema do Ministério da Saúde, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Integrante do grupo responsável pela modelagem de dados, o professor José Alexandre Diniz, explica que a variante Ômicron, a mais recente, tem comportamento específico, observado no mundo todo. “A onda de casos da Ômicron sobe e desce muito rápido. Hoje, em Goiás, estamos em queda, já passamos do pico”.
Por isso, o esperado seria que a atual tendência de queda se mantivesse em ritmo acelerado. Mas, para o professor, outras variáveis entram neste cálculo e devem ser levadas em conta na decisão da retirada da obrigatoriedade da máscara. “Ainda não se sabe qual será o efeito do Carnaval nesta situação. A terceira dose da vacina é essencial para segurar esta variante. Precisamos continuar insistindo que as pessoas completem o ciclo vacinal”, comenta. Em Goiás, o levantamento mais recente da SES, de 3 de março, indica que 4,8 milhões de pessoas receberam a segunda dose ou a dose única. O número cai para 1,5 milhão quando são considerados os que receberam três doses.
Vacinação é a saída
Além dos números, o impacto da vacinação é visto na prática pelo pneumologista Marcelo Rabahi. “Nos hospitais ainda existem alguns casos graves, principalmente em pessoas que não foram vacinadas ou não estão com esquema vacinal completo”, comenta.
O médico lembra ainda que existe possibilidade de a pandemia se tornar endemia, ou seja, uma doença considerada recorrente. “Os casos graves são um sinal de alerta. Pode ser que a pandemia vire endemia. Então, a pessoa que não tem esquema vacinal completo vai continuar suscetível a ter adoecimento de forma grave” alerta.