Parna Rappers: poemas do século XIX viram rap em clipes de IA

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MC Olavo Bilac e os Parna Rappers: clipes feitos com IA ‘rejuvenescem’ poesias parnasianas e podem até ajudar nos estudos para o Enem

Sonetos do século 19 ganham nova vida em formatos contemporâneos e podem facilitar a interpretação de textos clássicos, conteúdo frequente da prova de Linguagens do exame nacional. ‘Professores que me procuram para comentar’, conta criador do projeto.

Parna Rappers: poemas do século XIX viram rap em clipes feitos por IA

Sonetos do século 19, como os de Olavo Bilac, com batidas de rap e clipes gerados por inteligência artificial. O resultado, além de fazer sucesso nas redes sociais, pode ser útil a estudantes que farão o Enem, segundo professores ouvidos pelo DE.

No primeiro dia de provas, neste domingo (9), os candidatos vão encarar questões de Linguagens em que o Parnasianismo costuma marcar presença. Se cair, por exemplo, a poesia “Música Brasileira”, a versão cantada do “MC Olavo Bilac” no Parna Rappers (veja no vídeo acima), pode já estar na cabeça do estudante seguidor do perfil.

“É bem mais atrativo para o aluno porque modifica a abordagem temática. E, quando se mantém uma estrutura parnasiana, com o discurso atual, cria um diálogo objetivo, onde o aluno se enxerga naquele contexto”, analisa Daniel Oliveira, professor de português e literatura do colégio Matriz Educação.

“Os poemas parnasianos são considerados mais difíceis porque fogem da normatividade da narração. Os textos são melhor entendidos quando contam histórias, mas o parnasiano é um texto descritivo e menos atrativo”, explica Daniel.

O professor Literatura do Colégio Qi, Hugo Sant’Anna, concorda e vê as novas tecnologias como aliadas na formação dos alunos.

“A ajuda de um perfil como o Parna Rappers é enorme e evidente para os estudantes que buscam fazer o Enem e, talvez, até necessária (…) a poesia vem da música e o retorno a ela, por meio de poemas que são ricos em rimas, é algo incrível e significativo. Belchior, por exemplo, fez isso, no passado, ao citar Bilac, um grande parnasiano, em “Divina comédia humana””, avaliou.

Em quase todas as edições do exame nacional, poemas costumam aparecer para analisar linguagem, estilo, figuras retóricas e também para discutir o contexto histórico e cultural dos movimentos literários.

No perfil do Parna Rappers no Instagram, é comum encontrar comentários de seguidores reforçando a função didática do projeto. Até quem não parece ser fã do Parnasianismo tem contato com as poesias e autores.

“É uma excelente maneira de trabalhar esse e tantos outros escritores que, no geral, soam como ‘chatos’ de se ler”, escreveu uma seguidora.

“Altamente recomendado para professores de língua e literatura brasileira”, disse outro seguidor.

“Esse canal deve ser visto por todos os brasileiros. Vocês deveriam receber um prêmio da Academia Brasileira de Letras. Trabalho incrível”, escreveu outro seguidor.

“Muito obrigado pelo maravilhoso serviço à Literatura”, comentou um escritor.

Na opinião do professor Daniel, o rap e a tecnologia desperta a atenção do aluno e leva ele para temas que ele talvez não tivesse interesse.

“O rap, de uma maneira bem objetiva, transpõe uma expressão cultural jovem. Não que o rap seja jovem, mas a linguagem do rap hoje é uma linguagem muito acessível ao jovem, muito atrativa, por conta da rima, por conta da maneira que o rap se dá. Então isso já torna o rap algo bastante atrativo para o aluno”.

Alfabetização Midiática na Redação

Além de ajudar no desenvolvimento do aluno, o uso de IA e de formatos diferentes de produção também dialoga com a Competência 5 da redação do Enem.

A Competência 5 mede se o candidato sabe propor soluções para o problema do tema da redação e se demonstra uso crítico da tecnologia, das mídias e da informação, algo que se torna cada vez mais relevante em temas ligados ao digital.

O professor Daniel Oliveira acredita que os alunos que conseguem ter um repertório mais variado de conhecimento vão ter mais facilidade na construção da redação.

“Repertório é efetivamente todo e qualquer conhecimento de mundo que o aluno tem, que dialogue de maneira objetiva com a temática da redação e que o permita associar esse repertório ao desenvolvimento que ele está apresentando. O aluno que entende que repertório é conhecimento de mundo, ele vai olhar para o rap, ele vai olhar para o Djonga, para o Emicida, para esses autores parnasianos e vai encontrar nesses autores inspiração e sustentação para o argumento que ele está desenvolvendo ao longo do texto”, diz.

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