Última atualização 15/02/2023 | 14:52
O fotógrafo Wagner Araújo lançou, no último sábado, 11, a 1ª edição do projeto Expourbi, com a exposição “Corre Curumim!”, no Parque Areião, localizado no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. O ensaio ficará exposto durante os meses de fevereiro e março. Já em abril e maio, a obra artística estará disponível no Parque Bosque dos Buritis, no Setor Oeste.
De acordo com o professor Guilherme Ghisoni, que fez leitura e apresentação da exposição, Wagner Araújo é uma das referências da fotografia no Centro-Oeste, com uma produção que se estende por quase 40 anos e desde 2013, um dos seus temas recorrentes são os índios.
“Em seu trabalho mais recente, o artista se afasta da estética documental, que foi sempre sua marca característica, e avança em direção a uma reflexão visual que introduz elementos expressivos, de modo intencional, através do uso de cores. Por meio dessa via estética, o artista nos convida a uma reflexão. O mundo não é composto apenas pelos fatos que a câmera registra, mas pelos sentimentos e emoções que temos, ao partilhar um espaço e um tempo que nos é comum. É essa dimensão expressiva, dos sentimentos decorrentes da partilha de um mundo comum, que as cores de Wagner tornam visíveis”, destacou.
Com isso, ainda segundo Guilherme, o artista nos convida a uma profunda conexão com os índios das etnias Kayapó, Krahô e Xavante, por ele retratados. “Sua câmera nos permite ver a beleza dos índios brasileiros, na sua dimensão idílica – que nos remete à veia documental de sua obra. Mas o artista, ao nos dar as cores que sua alma encontra, na convivência com essas pessoas, nos permite também a apreensão da candura e da alegria de pessoas que vivem em harmonia com o meio ambiente”, falou ele.
Já o produtor cultural e presidente da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, Juliano Basso, afirma que no Brasil existem mais de 305 povos indígenas. Falamos mais de 274 línguas diferentes. “É cada vez mais urgente olharmos, vivenciarmos e compreendermos a diversidade de nossos povos. Temos que celebrá-los, suas culturas, sabedorias e belezas, nos comprometendo a somar em suas lutas, cada dia mais necessárias, fortalecendo suas demandas políticas e sociais, que são planetárias”, destacou ele.
Por sua vez, o fotógrafo Wagner Araújo explica que as imagens fazem parte de uma pesquisa realizada no intervalo de 5 anos durante a convivência com etnias indígenas brasileiras, nos encontros e vivências culturais que acontecem anualmente na Aldeia Multiétnica, na cidade de Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros.
“Nas fotos com vários recortes, etnias indígenas distintas dialogam entre si, dentro da rica diversidade cultural nativa brasileira, entre as riquezas naturais, culturais e humanas, tendo sempre em comum a contemplação, a admiração, o reconhecimento e valorização de nosso patrimônio material e imaterial”, ressalta o artista.
A preocupação, de acordo com ele, é com a salvaguarda das culturas dos povos originários do Brasil e suas culturas constantemente ameaçadas. “O campo de investigação é a natureza humana e, aqui, os parentes indígenas são o fio condutor. Responsáveis pela formação de nossa raça brasileira, estão presentes em nosso DNA e literalmente na raiz de nossa identidade enquanto nação latino-americana. Devem ter todo o respeito, admiração e cuidado na preservação de sua memória ancestral, integridade física e cultural. Assim, os curumins, em toda a sua graça e pureza, são o símbolo desta fragilidade ameaçada, que nesta exposição vêm a público sensibilizar a nossa atenção”, afirma o fotógrafo.
O projeto EXPOURBI
A primeira edição do Projeto Expourbi tem o objetivo de produzir exposições fotográficas itinerantes na cidade de Goiânia, contendo imagens impressas com qualidade de alta definição, montadas em suporte de metal, em grandes formatos nos parques da cidade. A partir disso, propor uma reflexão a partir de uma linguagem contemporânea, a fotografia, fora dos espaços tradicionais como museus e galerias, tornando-a fisicamente acessível, ressignificando a paisagem da cidade.
Por ser itinerante e de longa duração, quatro meses, a exposição permite uma grande visibilidade a públicos distintos ao se revezarem nos espaços públicos de intensa circulação, otimizando os investimentos com mais aproveitamento dos recursos de fomento às artes. O projeto faz parte da Lei de Incentivo à Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura do Município de Goiânia, e conta com autorização da Agência Municipal de Meio Ambiente.
A proposta é ocupar artisticamente espaços públicos de alta circulação, e proporcionar aos milhares de transeuntes diários a contemplação de imagens belas e significativas do imaginário popular. “Vamos compartilhar com o grande público, muitas vezes distantes das galerias e museus, esta oportunidade de vivenciar o contato com as pesquisas e suas sínteses definidas em obras fotográficas de grande significado documental, estético e reflexivo”, disse Wagner.