Pazuello tentou demitir Dias mas foi impedido por Bolsonaro

Enquanto Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello teria pedido a demissão de Roberto Ferreira Dias, em outubro de 2020, da Diretoria de Logística do ministério. A demissão acabou não acontecendo por conta de pressão política do presidente Jair Bolsonaro.

A informação foi revelada pela Folha de S. Paulo na manhã desta quinta-feira (1º). De acordo com auxiliares do presidente na Saúde, o pedido da demissão foi enviado à Casa Civil, mas acabou sendo barrado por Bolsonaro depois que o então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), interceder a favor de Dias. A informação foi divulgada em primeira mão pela rádio CBN.

Roberto Dias foi afastado na terça-feira (29), após ser denunciado por pedir propina na compra de dose da AstraZeneca durante negociação entre o governo e a empresa responsável pela vacina. A exoneração foi publica pelo Diário Oficial da União na manhã desta quarta-feira (30).

O ex-diretor já havia sido citado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) como o mandatário dentro do Ministério da Saúde. O deputado e o irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor da Saúde, denunciaram corrupção na compra de vacinas da Covaxin na CPI da Covid na última sexta-feira (25).

As suspeitas da participação de Roberto Dias no esquema de corrupção veio a tona depois que Luis Paulo Dominguetti, suposto representante da empresa Davati Medical Supply, disse à Folha de S. Paulo que o ex-diretor o pediu a propina de US$ 1 por cada dose de vacina comprada pelo governo durante um jantar no dia 25 de fevereiro, em Brasília.

A Davati queria supostamente vender 400 milhões de doses da AstraZeneca ao governo brasileiro por US$ 3,50 cada. A proposta foi confirmada após a revelação de e-mails revelados pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (30) que mostra a negociação entre a empresa e o Ministério de Saúde. Os e-mails foram trocados entre Dias, Herman Cardenas, CEO da empresa, e Cristiano Alberto Carvalho, que seria o procurador.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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