Última atualização 02/03/2022 | 20:40
Uma apreensão de cerca de 1,4 mil sacos de sementes de milho e de sorgo pode fazer parte de um golpe aplicado em Pontalina, distante 127 quilômetros de Goiânia. Após a ação realizada por policiais militares, na última terça-feira (01), a Polícia Civil deve realizar uma perícia para confirmar a origem dos produtos.
“A equipe da Polícia Civil está hoje no local fazendo a contagem exata dos itens encontrados. Em seguida, localizaremos e intimaremos o proprietário do local e ainda requisitaremos a perícia dos insumos. Estamos em contato com representantes das empresas que teriam tido as sementes falsificadas para esclarecimentos e para envio de material original para realizarmos uma perícia de confronto com a matéria-prima apreendida”, explica o delegado.
A ação teve início após a identificação de um homem que teria anunciado a venda dos insumos falsos de duas empresas famosas no mercado agrícola em um grupo de produtores rurais da região, por meio de um aplicativo de mensagem. O vendedor levantou suspeitas com a postagem porque um integrante do grupo no aplicativo ligou para uma das empresas. Ao todo, a mercadoria estaria avaliada em mais de R$1 milhão. Ninguém foi preso em flagrante.
De acordo com o sargento Eder de Faria, tudo começou após a fabricante negar ser o dono do estoque vendido.
“O produtor rural entrou em contato com eles para reclamar. A semente estava em falta e ele achou estranho alguém estar vendendo aquela quantidade toda pela internet. Como a empresa disse não ser a responsável pelo produto, ele acionou a Polícia Militar”, relatou o militar.
Segundo ele, a empresa foi novamente contatada pela equipe. Eles enviaram imagens do produto e do anunciante. O atendente, então, analisou as fotos e percebeu que a embalagem era falsa, além de apresentar problemas em relação ao lote.
“Acessaram o sistema interno e nos disseram que tinham produzido apenas 600 sacos no lote daquelas sementes e não seria possível ter cerca de mil deles em Goiás porque apenas 300 foram vendidos aqui no estado, com o restante foi comercializado para outros estados”, disse de Faria.
O sargento destaca que, logo após receber as informações, a equipe buscou identificar o dono do número que anunciou a venda no grupo de produtores rurais. Ele afirma se tratar de um morador da cidade que os levou até um galpão onde um terceiro não identificado nem localizado teria armazenado o estoque de sementes que seriam falsas.
Apesar disso, o delegado responsável pelo caso, Leylton Barros, alerta para a necessidade de aprofundamento nas investigações para confirmar se as sementes são realmente falsas e quais crimes o suspeito teria cometido.
Apenas um crime?
De acordo com Leylton, somente ao fim dessas etapas é que poderão ser consideradas quais condutas são criminosas. Ele lembra ainda que, pela quantidade de sacos de sementes, toda a apuração será difícil e lenta.
“É até complicado apontar um crime específico. Se for comprovado que são mesmo sementes falsas, poderíamos considerar crime contra economia popular, receptação e estelionato”, aponta.
Esse tipo de golpe não é comum, considera o delegado que responde por Piracanjuba e Pontalina. No balanço de atuações dele, foram apenas dois casos nos últimos três anos.