As investigações da Operação Carbono Oculto apontaram a existência de 28 postos de combustíveis em 15 cidade goianas utilizadas como lavagem de dinheiro para chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre os munícipios, Goiânia e Senador Canedo aparecem com o maior número de comércios ligados ao grupo criminoso.
A força-tarefa foi deflagrada pela Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público Federal e Ministério Público de São Paulo, e cumpriu mandados em oitos estados, com bloqueio de mais de R$ 1,4 bilhão em bens.
Na lista, estão inclusos nove postos com a bandeira Infinity e cinco Futura, com concentração em Goiânia e Jataí. Entre os empreendimentos identificados estão o Auto Posto Vini Show, em Senador Canedo; o Auto Posto Dipoco, em Catalão; o Posto Santo Antônio, em Santo Antônio do Descoberto; o Posto Futura JK, em Jataí; o Posto Futura Niquelândia, em Niquelândia; o Auto Posto Parada 85, em Goiânia; e o Auto Posto da Serra, em Morrinhos.
Além dos postos, são investigados cinco distribuidoras de combustíveis investigadas em Goiás: Duvale, Alpes, Arka, Império e Orizona. As usinas de combustíveis Goiás Bioenergia e a Centroálcool também são suspeitas de atuar como empresas de fachadas do grupo.
Esquema em família
A investigação identificou o dono das empresas como Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamed Mourad, principal operador econômico da facção. Segundo a investigação, Mohamed comandava um esquema de R$ 52 bilhões, distribuído em várias camadas empresariais que iam de importação de insumos à revenda final de combustíveis.
Para dar credibilidade aos negócios, o investigado utilizava o nome de parentes para abrir empresas. O pai, Hussein Ali Mourad, está figurado como sócio de distribuidoras em Paulínia e Osasco, em São Paulo. Já a mãe, Khadige Mourad, esteve ligada a lojas de conveniência que mais tarde foram transferidas para a filha, Amine Hussein Ali Mourad, responsável por 168 pontos de venda fechados de uma só vez em 2023.
Outros parentes também participaram do esquema. O primo, Himad Abdallah Mourad, dirigiu uma empresa que controlou 103 postos de combustíveis e figurava como sócio de fundos de investimentos com saldo superior a R$ 50 milhões. Até a esposa de Mohamed, Silvana Corrêa, aparece como titular de uma previdência privada de R$ 45 milhões.
Em Goiás, a Operação Carbono Oculto cumpriu dez mandados em Senador Canedo (GO). Bens avaliado em mais de R$ 1 bilhão foram bloqueados, incluindo imóveis, caminhões e veículos de luxo.