Pedido de vista adia votação do Marco Temporal na CCJ para dia 27

Um pedido coletivo de vista adiou para a próxima quarta-feira ,27, a votação do Projeto de Lei (PL) que cria o Marco Temporal indígena no Brasil. O tema está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O relatório do senador Marcos Rogério (PL- RO) defendendo o Marco Temporal foi lido no plenário da CCJ nesta quarta-feira ,20. Em seguida, foi dada vista coletiva para que os parlamentares analisem o tema.  

O projeto de lei e o parecer do senador Rogério se baseiam no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), finalizado em 2009, que tratou da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, Naquela ocasião, o então ministro relator do caso Ayres Brito criou a tese do Marco Temporal indígena.

Tal tese estabelece que apenas as terras ocupadas pelos povos indígenas na data de promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, é que podem ser demarcadas.

“Finalmente o Congresso Nacional trará segurança e paz às populações indígenas e não indígenas, especialmente do campo. Não se pode aceitar que, 35 anos após a entrada em vigor da Constituição, ainda haja celeuma sobre a qualificação de determinada terra como indígena, gerando riscos à subsistência e à incolumidade física de famílias inteiras”, afirmou o relator.

Após o relator apresentar o voto, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) fez dura crítica ao projeto que considerou “claramente prejudicial aos povos indígenas” e criticou o fato de o projeto não ter tramitado na Comissão de Direitos Humanos.

“O tema é atinente aos povos indígenas e a comissão desta área específica se quer foi aberta para fazer uma avaliação dessa proposta”, criticou.

Além disso, Eliziane lembrou que o STF está reavaliando o tema e que deve derrubar a tese do Marco Temporal. “Essa lei não vai vigorar porque cairá no Supremo Tribunal Federal, mas é um gesto muito ruim do Congresso Nacional”, destacou.

O movimento indígena tem se mobilizado contra o projeto por considerar que ele ignora o fato de que muitos povos indígenas foram expulsos de suas terras antes de 1988.

Audiência Pública negada

Um pedido de audiência pública para discutir o projeto na CJJ antes da votação marcada foi negado pelo plenário da CCJ por 15 votos contra oito. O senador Mecias de Jesus (Republicanos/RR) defendeu que a audiência seria desnecessária.

“Não podemos transformar a Comissão de Constituição e Justiça em um debate desnecessário quando o debate já foi feito na Comissão de Agricultura (CRA)”, sustentou.

Para o senador Omar Aziz (PSD-MA), a audiência pública enriquece o debate sobre o tema. “Quando o senhor diz que já teve audiência pública na CRA é uma coisa, aqui temos que trazer juristas para discutir a constitucionalidade do projeto”, concluiu.

Governo promete reagir

O líder do governo no Congresso Nacional senador Randofe Rodrigues (Sem Partido-AP) afirmou que a leitura do parecer do projeto do Marco Temporal, nesta quarta-feira, violou acordo firmado entre as lideranças partidárias e os povos indígenas.

“Houve um atropelo de acordos, de procedimentos e do próprio Supremo Tribunal Federal, que está julgando o tema. Boa parte dos parlamentares da base do governo estão viajando, não estão aqui”, protestou.

Randolfe prometeu reorganizar as forças governistas para votação do tema na próxima semana. “Vamos fazer rearranjos com os blocos partidários e reorganizar a nossa base para estar presente”, afirmou.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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