Percepção do brasileiro sobre racismo no futebol: estudo revela desafios e avanços

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A opinião do brasileiro comum sobre racismo

Sempre que surgem pesquisas sobre a percepção dos brasileiros em relação ao racismo, é essencial observar não apenas a cor dos entrevistados, mas também sua classe social, nível educacional e contexto cultural. Esses fatores demonstram diferenças significativas na forma como o tema é compreendido.

Uma pesquisa recente sobre racismo no futebol, realizada logo após um episódio em campo, revelou dados alarmantes e preocupantes. O caso do jogador do Palmeiras, Luighi Hanri, alvo de gestos e falas racistas por parte de um torcedor, serviu como catalisador para essa discussão, uma vez que o futebol é uma paixão nacional e agrega pessoas de diferentes raças, classes sociais e ideologias em um país tão diverso e, ao mesmo tempo, segregado. A pesquisa mostrou que 69% dos entrevistados consideram o gesto de imitar um macaco como racista e defendem punições exemplares para os responsáveis. Esse resultado indica que estamos começando a reconhecer a gravidade do problema do racismo no futebol.

No entanto, é preocupante notar que 18% dos entrevistados enxergam o ato como parte da “cultura do futebol”. Isso sugere que ainda há uma parcela significativa da população que não compreende, ou se recusa a compreender, a seriedade do racismo nesse contexto. Além disso, 13% dos entrevistados acreditam que o gesto é “normal” e estratégico para desestabilizar o adversário—um argumento frágil que não justifica, de forma alguma, um comportamento racista.

A pesquisa também revelou que 86% dos participantes consideram as notas de repúdio e as campanhas antirracismo ineficazes. Esse dado reforça que as medidas adotadas até o momento não estão surtindo efeito e que é necessária uma abordagem mais contundente para combater o problema. É fundamental compreender que o racismo no futebol é um reflexo do racismo estrutural presente em toda a sociedade. Por isso, o combate a essa questão não pode se limitar ao esporte, mas deve abranger diversas áreas, como a educação, a mídia e a política.

Em síntese, o estudo realizado pela Real Time Big Data mostra que a sociedade brasileira começa a reconhecer a gravidade do racismo no futebol, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Multas e campanhas, por si só, não têm sido suficientes para solucionar o problema. Além disso, algo que reforçamos há anos torna-se cada vez mais evidente: o racismo não está restrito a um único ambiente, como o futebol, o meio corporativo ou os espaços sociais em que circulamos. Ele está presente em todos os lugares e precisa ser combatido por todos, sempre que se manifestar.

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